Mesmo sabendo-se que, em se tratando de Brasil, não há certeza nem sobre o passado, arrisco-me a não descartar um cenário em que a polarização Lula/Bolsonaro seja materializada em 2026 numa disputa entre a esposa do ex-presidente, Michelle Bolsonaro e a atual primeira-dama, Janja.

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Na hipótese de cassação dos direitos políticos de Bolsonaro no inquérito que investiga a invasão criminosa às sedes dos Três Poderes, em Brasília, ou em uma das 15 Ações de Investigação Judicial Eleitoral (Aijes) a que o ex-mandatário é alvo, Michelle pode ser a opção.

Para Bolsonaro, o que ocorreu no dia 8 de janeiro na invasão golpista ao Planalto, STF e Congresso Nacional foi “inacreditável”. Pelas declarações dúbias do ex-presidente fica mais difícil obter a responsabilização jurídica de Bolsonaro sobre o absurdo ocorrido do que a responsabilização política. Resta saber como a Justiça irá interpretar o caso, sabendo-se que há forte componente político nestas decisões.

Nesse sentido, caso venha a se confirmar uma suspensão dos direitos políticos do ex-presidente, não é de se descartar o nome de Michelle como representante da família Bolsonaro na disputa. Falta-lhe, contudo, histórico político e preparo, mas o apelo evangélico e sua imagem podem lhe ser úteis em uma campanha.

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A direita e a centro-direita terão concorrentes fortes para um suposto espólio eleitoral de Bolsonaro. São os casos dos governadores de importantes e populosos estados de São Paulo (Tarcisio Freitas- Republicanos) e Minas Gerais (Romeu Zema- Novo). Há, ainda, Eduardo Leite (PSDB) no Rio Grande do Sul.

Lula em entrevista da última semana a Natuza Nery, da Globonews, repetiu o que tem feito: sempre reforçar o nome de Janja ao lado dele, como se a mesma tivesse sido eleita também. Pode ser carinho, respeito, consideração, mas também, porque não, em se tratando de Lula como “animal político”, de olho em 2026. Lula fez o mesmo com Dilma “mãe do PAC”. Fenômenos eleitorais como Lula e Bolsonaro têm esse poder. Bolsonaro elegeu em 2018 como em 2022 inúmeros nomes basicamente por estarem ao seu lado na foto. Lula fez o mesmo com Dilma.

Por que ambos não podem repetir o mesmo em 2026, quando Lula terá 81 anos e talvez Bolsonaro esteja inelegível?

De acordo com a Constituição Brasileira, membros da família não podem se candidatar a outros cargos além dos que já ocupavam. O artigo 14 da Carta Magna proíbe a candidatura de parentes até o segundo grau, consanguíneos ou por adoção, do presidente, governadores e prefeitos. Neste sentido, Janja não poderia ser candidata.

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Trata-se de um cenário improvável, mas que não pode ser descartado. Ainda mais no Brasil, o país dos casuísmos.

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