A nova política está morta. Aliás, se é que algum dia ela foi mais do que apenas discurso de campanha e existiu de verdade. A chamada velha política atropelou a nova política. Independentemente do resultado da votação de abertura do processo de impeachment contra o governador Carlos Moisés e a vice Daniela Reinehr nesta quinta-feira (17), na Assembleia Legislativa (Alesc) – a nova política está morta.
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Termos chegado ao ponto em que estamos é resultado da falta de base governista na Alesc. Sejamos francos, como se constrói uma base governista? Aceitando indicações de cargos de parlamentares, liberando emendas e convênios e, muitas vezes, fazendo vistas grossas para as ações pouco republicanas que ocorrem dentro dos governos, através de indicações políticas, tudo em nome da blindagem e da governabilidade.
Carlos Moisés não mostrou, desde que assumiu o poder, muita vontade de buscar diálogo e negociar com o parlamento. Achou que os mais de 70% dos votos no segundo turno lhe trariam a governabilidade ao natural com o chamado “governo técnico”. Tão técnico que, num momento fora da curva no que se refere ao uso do dinheiro público e, num “momento de desespero”, entrou em crise com a desastrosa compra dos 200 respiradores. Essa é a parte do conjunto da obra.
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O presidente Jair Bolsonaro, quando se sentiu ameaçado de impeachment, trocou liderança do governo, se aproximou do centrão, cedeu cargos e não se fala mais em impedimento do capitão. Agiu com a experiência de quem tem quase 30 anos de vida parlamentar. Sabe como as coisas funcionam.
Moisés ou não sabia ou pensava que seria possível fazer diferente. Por mais curioso que pareça, mesmo que Moisés se salve, a nova política também estará morta. A improvável vitória de Moisés, se ocorrer, também não será obtida com métodos da nova política, será fruto do instinto de sobrevivência.
Lição
O governador Carlos Moisés terá uma votação nesta quinta-feira de um processo de impeachment de um fato determinado- a equiparação entre procuradores do Estado e da Alesc- em que o Tribunal de Contas (TCE-SC) e o Ministério Público (MP-SC) afirmam, oficialmente, que ele, Moisés, não é responsável por crime algum. É surreal.
A Alesc abre um precedente perigoso: a banalização do impeachment. A lição que ficará para os prefeitos que irão se eleger no final do ano será a de que não há certeza de se completar o mandato sem maioria no legislativo. O toma-lá-dá-cá será, como sempre foi, a regra de sobrevivência.
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Projeção de como os parlamentares devem votar:
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