A governadora de Santa Catarina, Daniela Reinehr, tem a obrigação de afirmar, categoricamente e com todas as letras, que o holocausto existiu e que ela considera esse ato histórico abominável. O pai dela, Altair Reinehr, é negacionista do holocausto praticado pelo regime nazista. Professor de história, Altair citava em suas aulas o livro “Acabou o Gás”, de Siegfried Ellwanger Castan, condenado pelo crime de racismo.
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Tanto na entrevista coletiva após a sua posse na última terça (27), como também depois, aos colegas Upiara Boschi e Anderson Silva, a governadora não falou de forma objetiva de que o holocausto que matou 6 milhões de judeus existiu e, tampouco, que o pai dela está equivocado.
A governadora interina errou duplamente. Ao tentar preservar as ideias criminosas de seu pai, em nome da harmonia na relação familiar, não o contrariou. Não basta apenas que ela “não pode ser julgada pelos atos de terceiros”. O fato categórico e surreal, até então, é que a nova governadora ainda não disse que não concorda com o pai e que o holocausto existiu.
Sobre acreditar no holocausto, ela disse em entrevista aos colegas colunistas do NSC Total que é “o que a gente vê nos livros, a história que a gente lê”. Depois os colegas insistiram e perguntaram se ela repudia o nazismo. De novo, não conseguiu dizer que não. Respondeu que não iria entrar nessa briga familiar. É inacreditável. Não há poderação quando se trata do crime racismo.
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Daniela Reinehr não se deu conta da envergadura do cargo que ocupa.
Numa mesa de bar, negar o holocausto já é absurdo. Defender suas ideias é crime. Um chefe de Estado tem responsabilidade pelas frases que diz e até pelo seu silêncio. Daniela silenciou de forma inaceitável e injustificável.
O fato objetivo é que ela teve duas oportunidades de dizer claramente que o holocausto foi um crime brutal contra a humanidade praticado pelo regime nazista, que ela abomina esse fato histórico e que precisamos contar a história verdadeira para todas as gerações conhecerem o que aconteceu para que isso não se repita no futuro.
Mas ela não disse.
Salve seu legado governadora. O estrago já está feito, mas ainda há tempo corrigi-lo.
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