O Parecer Prévio do Tribunal de Contas de Santa Catarina (TCE/SC) destacou bons números apresentados pelo Governo Carlos Moisés em 2019. Uma leitura além desses dados leva ao paradoxo permanente dessa atual gestão: o confronto entre os bons resultados e a desarticulação política.
Continua depois da publicidade
Por um lado, iniciativas da nova gestão trouxeram importantes avanços. É o caso do equilíbrio fiscal, em que as contas saíram de um déficit de R$ 1,19 bilhão para um superávit de R$ 162, 76 milhões, das economias de custeio, da ampliação dos recursos na Educação e do pagamento dos históricos passivos herdados, com a dívida da saúde e as famosas “pedaladas” ocorridas na CELESC e FUNDOSOCIAL. Tais resultados, porém, convivem com uma absoluta falta de diálogo com o Parlamento, com os municípios e a própria sociedade, que trouxe o Governo a uma fragilidade política nunca vista em nossa história, caracterizada por uma CPI onde ninguém o defende, e o risco de um processo de impeachment.
Essa dicotomia também se mostra evidente na gestão da pandemia, onde os índices de Santa Catarina são inquestionáveis e se destacam em nível nacional. Não se pode negar que isso seja fruto das medidas firmes adotadas desde o início, que permitiram, inclusive, o alto grau de liberação das atividades econômicas que temos. Porém, hoje, o que marca o debate sobre o assunto, na sociedade e principalmente na ALESC, é a desastrosa compra dos respiradores. Isso resulta das falhas de gestão política, administrativa e de comunicação da crise.
Essa dificuldade nasceu de uma espécie de demonização, frise-se equivocada, da política, verbalizada e praticada desde o início do atual Governo. Um erro crasso, pois, indiscutivelmente a articulação política não é sinônimo de politicagem. E a conversa política republicana é indispensável para que a gestão técnica alcance os resultados almejados.
Após a recente mudança na Casa Civil, uma nova postura já é visível. Porém, ainda é grande o desafio do Governo, para, além de se salvar, ampliar essa capacidade de diálogo com o Parlamento e a própria sociedade organizada. Por ironia, hoje, o que mais segura o Governo é a postura serena e equilibrada do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Julio Garcia, que já sinalizou, várias vezes, não embarcar em arroubos políticos momentâneos.
Continua depois da publicidade