Nos bastidores, é dada como certa a saída do Centro de Formação da Polícia Rodoviária Federal (UniPRF) de Canasvieiras, em Florianópolis. Instalada em 2014, no governo Dilma Rousseff, a unidade deixa um impacto altamente positivo na economia do Norte da Ilha. 

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Segundo avaliação da prefeitura de Florianópolis, somente em 2022, foram cerca de R$ 45 milhões em salários aos trabalhadores do local, como setor administrativo, professores e policiais em formação. São pessoas que estão hospedadas na região, compraram ou alugaram imóveis, adquiriram mobiliário, consomem em bares, restaurantes, lojas e supermercados. Isso sem falar na sensação e na segurança na região pelo fato da grande quantidade de policiais fardados, armados e habilitados.

Na última semana, em entrevista ao colega Zé Maia, da CBN Floripa, o Inspetor Diego Brandão, diretor da UniPRF, deu indícios de que a decisão já está tomada. Disse ele que o valor do aluguel é um entrave e que por questões logísticas era melhor ter a escola em Brasília, perto da sede.

O pano de fundo, entretanto, pelo que apuramos, é uma espécie de revanchismo pelo fato de que a PRF esteve muito associada ao bolsonarismo nos últimos quatro anos. O epicentro disso foi o bloqueio de estradas por onde passariam ônibus trazendo eleitores do então candidato Lula no Nordeste, em redutos eleitorais do petista, no dia da votação, no ano passado. Neste sentido, não interessa ao PT ter a formação da PRF em um estado predominantemente bolsonarista. Ter um controle mais próximo desse processo seria o objetivo no momento.

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Aí se busca o argumento financeiro e logístico, o que não faz sentido. Essa sede não existe em Brasília. Quanto tempo levaria para construir um centro de ensino na capital federal ? Em Florianópolis, se investiu R$ 13 milhões em estande de tiro e o autódromo no caminho dos Ingleses, é utilizado para treinamento com as viaturas. Quanto que isso custaria e em quanto tempo para montar essa estrutura ?

E em meio a essa discussão e sabendo da importância econômica para a cidade, o prefeito Topázio Neto se articula e já esteve reunido com empresários do grupo Portobello, proprietário do imóvel, e com autoridades federais.

O dono do terreno locado por cerca de R$ 300 mil/mês aceita trocar o imóvel por outro que seja da União e em outro local do país. Se buscou junto a Secretaria  do Patrimônio da União (SPU) uma lista com mais de 1700 imóveis pelo Brasil que não são utilizados pelo Governo Federal.

Neste sentido, o argumento financeiro cai por terra. E o logístico, também. Até porque, se precisasse de aproximação com a sede para formação, não existiriam cursos online. 

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Faz bem o prefeito Topázio em sua tentativa de manter a UniPRF na cidade. Que não seja uma luta isolada. Que se pressione o governo federal e se busque apoio na bancada de Brasília e entidades. Caso contrário, Florianópolis perderá em arrecadação, empregos e atividade econômica.

Que o revanchismo e a ideologia política não sejam um tiro no pé da cidade.

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