É preciso parar por 21 dias para diminuir a circulação do vírus e evitar uma catástrofe que pode chegar a 500 mil mortes no Brasil. A opinião é de Lúcio Botelho, professor do Departamento de Saúde Pública da UFSC, coordenador do programa de residência médica do Hospital Universitário (HU) e Doutor em Epidemiologia. Ele fez, especialmente para a coluna, um diagnóstico do avanço da pandemia em Santa Catarina e no Brasil. Leia:
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A realidade concreta nos aponta claramente quer sejamos cientistas, governantes, negacionistas ou qualquer outra categoria, que não temos o direito de continuar com esse massacre de 3000 mortes por dia. Ao longo da pandemia fomos perdendo o protagonismo e a liderança da organização das ações em todos os níveis. Maus exemplos, transferência de poderes, decisões isoladas e inócuas a cada dia. Apostamos em todo tipo de tratamento, que além de não terem efetividade, geram confusão e falsa proteção a uma parcela da população que acredita. Estamos no limite do maniqueísmo, basta alguém dizer A para outros dizerem B e se tornarem inimigos, as posições ideologizadas passam a ser a tônica das relações. Porém há consensos, o colapso no setor saúde, a necessidade de parar a circulação do vírus e a aceleração da vacinação são esses pontos. Estamos avançando lentamente e sem segurança na continuidade de fluxo na vacina, se temos capacidade de ampliarmos os serviços, não temos pessoal devidamente capacitado para a demanda, portanto é lógico e óbvio que temos de investir mais fortemente para diminuir a circulação do vírus. Devemos parar tudo sim, por 21 dias sim, mas fazê-lo com planejamento e responsabilidade. Já perdemos muito tempo, temos que ter ações conjuntas, como indicamos seis meses atrás, defendendo a volta às aulas. Testar em massa, isolar os positivos e fazer vigilância ativa, cadastrar todas as famílias que necessitarão de auxílio com alimentação e prover o básico, compensar serviços como no setor de alimentação desde a compra do produtor para distribuição até a cadeia de bares e restaurantes, avaliar o setor de transporte seja coletivo ou de carga, mantendo o essencial para não perder a safra, por exemplo, são algumas ações de um estado ativo enquanto avançamos com a vacinação. Esse custo é com certeza muito menor do que o das vidas perdidas, que não podem ser precificadas, do custo a médio e longo prazo do cuidado com as sequelas e do gasto direto de manter quase 1500 pessoas em leitos de UTI por meses. Não se trata mais de ter razão, trata-se de parar essa catástrofe que poderá nos levar a mais de 500000 mortes rapidamente no país.
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