Carlos Moisés da Silva paga com a derrota nas urnas o preço de ter se afastado do presidente Jair Bolsonaro. Em um estado que deu 62% dos votos em primeiro turno para o presidente da República, isso tem um preço forte. Foi um sinal claro que, apesar do desgaste de ser governo por quatro anos, o bolsonarismo continua muito forte em Santa Catarina, tanto é que elegeu 6 deputados federais (PL), 11 deputados estaduais (PL) e ainda Jorge Seif que foi turbinado pela carona da moto presidencial.

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Faltou jogo de cintura para Moisés na relação com o presidente. Se houvesse maior traquejo político, não teria entrado em “divididas” e poderia sair de polêmicas na linha de “respeitamos a opinião do presidente” . Mas não, ao se afastar, abriu espaço para outros surfarem a popularidade presidencial em Santa Catarina. Jorginho e Seiff que o digam.

Esse foi o ponto central. mas não foi só. A campanha de Moisés foi fraca. Informações internas apontavam que a maioria da população não conseguia identificar uma única ação do governo em sua vida. E houve o que mostrar mas não ocorreu a habilidade de passar essa mensagem. Em Florianópolis, por exemplo, a SC-401, acesso para o aeroporto, recuperação das pontes Pedro Ivo e Colombo Salles e entrega da histórica Hercílio Luz. Faltou dinheiro também para a campanha.

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Números abstratos não dizem nada. Dados de austeridade, contratos e investimentos históricos em educação e infraestrutura, por exemplo, são importantes, mas se a população não percebe isso, torna-se ineficiente e não se faz o elo com o eleitor.

A demora da definição de qual partido político Moisés iria e o receio de não se filiar ao MDB, por medo de ir para um berço da “velha política” é outro fator importante. Como a coluna informou recentemente, um histórico do partido disse que o MDB “gosta de carinho” e sem carinho o MDB não vai às ruas. E não foi às ruas para defender o governo Moisés.

Curiosamente, o governador teve o seu melhor momento no poder executivo quando abriu o governo no pós-impeachment. Entretanto, na projeção da composição para a eleição deste ano, preferiu não fazer a mesma ampla aliança que o salvou do afastamento. Acreditou Moisés que se mantivesse esse apoio poderia se reeleger, mas não teria força na cadeira e não faria o mesmo governo que fez: mantendo a chefia das estatais com cargos técnicos e de carreira e sem abrir mão de secretarias vitais, como administração por exemplo, com seus contratos vultosos.

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