A prefeitura de Chapecó e os 14 municípios da região do Alto Uruguai Catarinense tomaram uma decisão corajosa e consciente ou irresponsável – o tempo dirá. Os prefeitos decidiram não atender a recomendação da Secretaria Estadual da Saúde de fechamento do comércio por 14 dias. O governo do Estado entende que, pelo aumento do número de contaminados, o ideal é reduzir a circulação de pessoas para frear o ritmo de propagação da Covid- 19.

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A manutenção do comércio aberto, mesmo com novos protocolos de segurança, aumenta, evidentemente, a circulação de pessoas e consequentemente a chance de contágio. Só há uma chance de dar certo: fiscalização das prefeituras e a população respeitar as regras. É nisso que aposto. Santa Catarina precisa mostrar que é diferente do país. É a hora do Estado que tem os melhores indicadores sociais do Brasil mostrar que isso pode trazer resultado prático no bom comportamento de sua população. Esse precisa ser o nosso plano A – garantirmos uma retomada segura.

Tenho dito na NSC TV e na Rádio CBN Diário que o isolamento social é a única maneira comprovada de evitar o ritmo acelerado de contágio. Entretanto, é muito mais difícil de ser praticado por aqueles que precisam do dinheiro do trabalho diário para levar comida aos seus lares. Isolamento social com a geladeira cheia e dinheiro no bolso é mais fácil de ser praticado. O Brasil tem mais pobreza do que Estados Unidos e Europa e menos dinheiro.

Se os casos e mortes aumentarem na região oeste a conta irá para os prefeitos. Estes estão pressionados pelo setor empresarial e pela população que vem empobrecendo com demissões e reduções de salário. Essa preocupação é legítima.

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A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou as condições para a saída segura da quarentena. Transmissão controlada, capacidade de testar, rastrear e isolar suspeitos e contatos, controle dos casos importados, informação e engajamento da população, medidas de distanciamento e proteção onde houver convivência pública e controle de contágio em instituições como asilos e prisões.

Não temos tudo isso. E dificilmente chegaremos a este padrão. Falta-nos articulação entre os entes da federação, um plano estratégico de combate à pandemia e de retomada segura. Sobram brigas políticas e suspeitas de uso indevido do dinheiro público, uma lástima.

Temos que garantir a retomada segura. E isso depende de cada um de nós.