No momento em que Santa Catarina enfrenta a pior fase da pandemia, o debate sobre a implementação de um lockdown de 14 dias toma conta dos bastidores da política e das redes sociais. De um lado, temos as manifestações dos órgãos de controle por medidas mais restritivas e, por outro, o temor do setor privado por um fechamento de atividades por duas semanas.. Na quinta-feira (25,) um documento assinado por professores e pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (FSC) pediu medidas mais fortes do que as anunciadas pelo Estado. Na sexta-feira (26), O Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC), Ministério Público Federal (MPF-SC), Ministério Público do Trabalho (MPT), Tribunal de Contas (TCE-SC), Defensoria Pública da União (DPU) e Defensoria Pública Estadual (DPE-SC) solicitaram ao governador Carlos Moisés um lockdown de 14 dias em Santa Catarina.

Continua depois da publicidade

>Receba notícias de Florianópolis e região pelo WhatsApp

Nas redes sociais, há muita crítica apontando que o documento é assinado por aqueles que fazem parte da elite do funcionalismo, possuem altos salários e não têm nada a perder, pois seus vencimentos estão garantidos em função da estabilidade. É evidente que é mais fácil e confortável pedir e executar o fechamento das atividades quando os seus vencimentos estão garantidos. Mas a questão, agora, não é esta – a prioridade é a preservação da vida e evitar uma tragédia. Os órgãos de controle que atuam em defesa da sociedade, desta forma, pressionam o governo e não poderão ser acusados, no futuro, de omissão.

A reação na manhã deste sábado (27) foi em efeito cascata. Praticamente todas as entidades do setor privado se manifestaram contra uma paralisação de 14 dias. O documento assinado pelos órgãos de controle causou desconforto no Centro Administrativo. Nos bastidores, a reação negativa se deu pelo fato de que o documento veio sem dar tempo para que, na ótica governista, as medidas restritivas tragam resultados.

Na Casa d´Agronômica há o entendimento de que as restrições mais duras nos finais de semana são bem pensadas. Há o entendimento de que o problema maior não ocorre nas atividades formais como comércio, bares e restaurantes. No governo, há a convicção de que a disseminação do vírus está concentrada nos finais de semana, nas aglomerações de praias, baladas e festas clandestinas. “Nossa intenção é atuarmos de forma cirúrgica e com menor efeito colateral”, disse a fonte.

Continua depois da publicidade

Santa Catarina vive o pior momento desde o início da pandemia. Os epidemiologistas ouvidos pela coluna apontam que as restrições determinadas pelo Estado não surtirão efeito. Segundo apurou a colega Dagmara Spautz, na sexta-feira (26), 74 pessoas estavam esperando por um leito de Covid-19 em Santa Catarina.

Leia mais:

> Médica de Blumenau deixa filha recém-nascida em casa para voltar à emergência: “colegas estão exaustos”

> O que abre e fecha em SC nos próximos fins de semana com as novas restrições

> O que é lockdown e como a medida de isolamento serve contra a Covid-19