A escolha do colegiado de Daniela Reinehr tem o olhar voltado para mais do que apenas 120 dias – o prazo limite para o Tribunal Misto do impeachment de Carlos Moisés da Silva. A governadora em exercício trabalha internamente para permanecer no poder além do período até o julgamento do mérito do caso dos respiradores, e a escolha de seu colegiado está pautada nisso.
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Perguntei a ela na terça-feira (31) o que ela vai fazer para conseguir um voto a mais para afastar definitivamente Moisés e permanecer no cargo. “ Eu não preciso de votos porque não faço parte desse processo”, respondeu. Do ponto de vista de comunicação, resposta perfeita, mas a realidade é outra. Daniela precisa de mais um voto, além da manutenção da posição de Laércio Schuster (PSB) para permanecer, desde que os desembargadores não mudem de posição. A política pautou a escolha do colegiado. A perspectiva de poder pautou a escolha dos nomes, a continuidade no poder e a governabilidade.
Pandemia
Mesmo com a nova secretária de saúde, Carmen Zanotto (Cidadania), a essência da política de enfrentamento à pandemia será a mesma do governo Moisés. Dificilmente teremos novas restrições. A gestão terá o pilar em conscientização, comunicação, vacinas e infraestrutura hospitalar. É importante que a deputada fale de forma assertiva de que não há tratamento precoce segundo as principais entidades científicas, sociedades de epidemiologia e OMS. A narrativa adotada deve ficar na autonomia do médico, que deve ser respeitada, claro. Mas a posição da secretaria e da própria governadora sobre o tema seriam importantes. Ajuda a não vender falsas ilusões. Daniela preferiu o discurso de buscar atendimento nos primeiros sintomas e na autonomia do médico. É pouco. Para evitar desgaste junto aos seguidores do presidente Jair Bolsonaro, evita-se falar o óbvio, algo que já está superado quanto à inexistência de tratamento precoce.
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Restrições
Os epidemiologistas afirmam que para achatar a curva de contágio e desafogar o sistema hospitalar, com queda na espera por UTI e mortes, é preciso reduzir a mobilidade social em Santa Catarina. Isso ocorre através de mais restrições. Elas já não estavam no radar de Moisés e estão mais distantes ainda do olhar de Daniela. Tivemos uma leve redução de casos na última semana. A queda se deu pelas regiões oeste e serra, onde houve restrições mais rígidas.
Comunicação
Evitando polêmica e com frases controladas, Daniela Reinehr se mostrou mais preparada e treinada para enfrentar os jornalistas, embora o nervosismo aparente.
Vacinas
O foco de Daniela é a vacina. Correto. Entretanto, Santa Catarina prioriza o Plano Nacional de Imunização do governo federal, como tem que ser e sempre foi. Só há tentativa de ocupação deste espaço por Estados e municípios, mesmo sem sucesso até agora na compra direta, devido à omissão da União, principalmente quando deu de ombros em 2020 para a oferta de 70 milhões de doses feita pela Pfizer nas mesmas condições realizadas para inúmeros países. Há um pleito do Estado de que existe uma injustiça na remessa proporcional de imunizantes para Santa Catarina. Provando isso no Ministério da Saúde e caso consiga ampliar e dar ritmo à vacinação, Daniela pode ter um marco diferencial em seu governo.
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