Clésio Salvaro (PSDB), prefeito de Criciúma, dá sequência às entrevistas com os chefes do Executivo dos principais municípios do Estado sobre como serão as cidades após a crise criada pelo coronavírus. Na entrevista, ele fala dos trabalhos para melhorar a estrutura de saúde, do avanço da vacinação e avalia a gestão da pandemia.

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– Fomos contra o lockdown, mas respeitamos a ciência, o ato médico, as regras de isolamento e distanciamento com a exigência dos cuidados sanitários. Ainda hoje caminhamos nessa linha, fiscalizando, mas deixando as pessoas trabalharem – afirma Salvaro, ao avaliar a gestão da pandemia.

O prefeito de Criciúma comenta também sobre as medidas para a retomada econômica.

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– Elaboramos projetos de lei para ajudar empresários. Postergamos prazos, retiramos juros sobre dívidas e parcelamos impostos durante os momentos mais críticos. Hoje a cidade sofre, como todas no Brasil, o efeito colateral da pandemia nos negócios, mas poderia ter sido bem pior. (…) Continuamos avançando – pontua.

Salvaro falou ainda sobre o decreto que criou, em que o servidor que ficasse em casa de forma voluntária ficaria sem salário. Confira mais detalhes na entrevista a seguir:

Passado mais de um ano do início da pandemia, qual o maior desafio da cidade hoje no enfrentamento à Covid- 19?

Importante reforçarmos que o vírus foi e ainda é um desafio para toda a sociedade, e que lamentamos cada perda, cada morte registrada, pessoas que eram importantes para alguém.

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Só a vacina vai resolver o problema, e, ela vem acontecendo. Esperamos que as quantidades enviadas aumentem mês a mês. O planejamento da vacinação em Criciúma foi concebido para não ter parada. Vacinamos sete dias por semana. Hoje, estamos com nossa logística de vacinação em campo. Não fica dose de vacina na geladeira. Assim que elas chegam as equipes tem aplicado diuturnamente.

Fizemos uma parceria com o Criciúma Esporte Clube, utilizando o pátio do estádio para fazer o drive-thru da vacinação. Prestamos contas de tudo o que estamos fazendo no portal minhavacina.criciuma.sc.gov.br, inclusive é por esse endereço que organizamos o cadastro de toda a sociedade, para alinhar a aplicação por faixa etária e grupos de risco. Mesmo com a distribuição da vacina acontecendo pelo governo federal, nosso governo separou um fundo soberano de R$ 10 milhões para compra das doses, caso as federações estaduais e nacionais dos municípios entendam que teremos autonomia para isso.

Considero que administramos de maneira adequada todos os desafios que a pandemia nos impôs nesse último ano. Fomos contra o lockdown, mas respeitamos a ciência, o ato médico, as regras de isolamento e distanciamento com a exigência dos cuidados sanitários. Ainda hoje caminhamos nessa linha, fiscalizando, mas deixando as pessoas trabalharem. Estamos monitorando os equipamentos públicos que ativamos e/ou construímos durante a pandemia e agindo para baixar o número de casos ativos. O índice de óbitos de Criciúma é o mais baixo quando nos comparamos com os municípios que tem a mesma média de habitantes. Criciúma vai vencer!

O que foi ampliado no sistema de saúde no município ficará de legado para a cidade ou será desativado após vencermos essa batalha e todos estiverem vacinados?

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Conseguimos nos preparar e otimizar nosso sistema de saúde. Planejamos de maneira rápida e com assertividade a antecipação da inauguração da nova Unidade Central de Saúde. Nós adquirimos testes e promovemos testagem em massa na população. Com apoio da Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc), criamos um grupo de trabalho e pesquisa para termos noção estatística dos infectados.

No momento mais crítico da pandemia promovemos a abertura de dois Centros de Triagens e a reforma do antigo hospital psiquiátrico do Rio Maina, antes abandonado, e que hoje, com a ajuda de toda a sociedade, foi reformado e se transformou num Hospital e Centro de Tratamento e Recuperação da Covid-19, inclusive com ampliação de dez leitos de UTI referendados pelo Estado. Legados que ficarão para nossa cidade.

Criciúma é a sétima cidade com mais óbitos no Estado (com 347 até o momento da entrevista). Houve ampliação do sistema de saúde, mas vivemos em Santa Catarina a realidade da falta de leitos de UTI. Neste contexto, os epidemiologistas recomendam mais restrições do que temos atualmente, mas não é o que ocorre em SC. Por que?

O contexto dos números precisa ser observado, não apenas os absolutos. Nossa cidade tem cerca de 230 mil habitantes. Cada vida perdida importa, elas fazem falta para alguém que os amava. Mas estatisticamente, Criciúma está com um quadro melhor que outras cidades do Estado com o mesmo número de habitantes.

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Na questão do quadro restritivo, seguimos a ciência. Temos excelentes técnicos, médicos e especialistas na Secretaria de Saúde, e nos norteamos pela posição firme de nossa Vigilância Sanitária. Junto de uma equipe multi-institucional que atua firme coibindo irregularidades, aglomerações e festas clandestinas. Ajustamos o sistema de transporte para que continue funcionando e obedecendo os decretos, e criamos um diálogo com a sociedade.

Entendemos que as pessoas precisam trabalhar. As cidades não podem parar desde que todos cumpram as determinações sanitárias de uso de máscaras, álcool em gel e distanciamento. É assim que estamos conquistando resultados satisfatórios em meio a essa crise.

O senhor criou um decreto onde o servidor que ficasse em casa de forma voluntária ficaria sem salário. Não houve adesões. O senhor esperava a reação que o projeto teve? Qual sua avaliação?

Nosso povo é trabalhador e educado. A maioria entende que precisa respeitar as regras sanitárias em casa e no trabalho. No poder público não é diferente. Temos excelentes servidores, muitos deles escolhidos pelo prefeito para ocupar cargos de gerência, diretoria ou mesmo secretaria. Mas outros entenderam que o certo era ficar em casa, fazer o lockdown, e ficar por isso mesmo. Não dá, não funciona assim.

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Enquanto eu for prefeito, não tem lockdown! Se lá fora a pessoa trabalha e busca os recursos nessa fase tão difícil para ter dinheiro, pagar as contas e sobreviver, aqui (na administração municipal), também! Precisamos nos solidarizar com as pessoas. Quem quer lockdown, o decreto está aí. Fica em casa, mas sem salário. Não esperava outro resultado.

Qual o plano para a retomada econômica da cidade no pós-pandemia?

No campo da economia, elaboramos projetos de lei para ajudar empresários. Chamado de “Supera Criciúma”, capacitamos pequenos empresários em nossa Casa do Empreendedor com a parceria com o Sebrae/SC para a venda via delivery. Postergamos prazos, retiramos juros sobre dívidas e parcelamos impostos durante os momentos mais críticos da pandemia.

Assinamos decretos que aumentaram a exigência da fiscalização sanitária, mas sem fechar estabelecimentos e prejudicar a economia. Ajustamos com a indústria e o varejo os melhores horários de transporte coletivo para levar os trabalhadores com segurança aos postos de trabalho. Hoje a cidade sofre, como todas no Brasil, o efeito colateral da pandemia nos negócios, mas poderia ter sido bem pior, não fosse nosso cuidado nessa área.

O que a prefeitura pode fazer para ajudar quem perdeu emprego e quebrou o próprio negócio?

Tudo o que é possível, como falei anteriormente, estamos fazendo. Em 2021 reeditamos o projeto de lei, já aprovado pela Câmara de Vereadores e que já está em vigor pra ajudar os empresários. Dessa vez, fomos bem específicos para prorrogarmos o pagamento de tributos de bares, restaurantes, lanchonetes e hotéis que estão entre os setores mais atingidos. Continuamos avançando.

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Essa instabilidade política em SC com troca de governo em meio a processos de impeachment, atrapalha?

Santa Catarina é um grande Estado. Não tem um lugar que a gente não vá e que as pessoas não brilhem os olhos pra falar da nossa organização, comprometimento com o trabalho sério, produtividade, qualidade de vida e bem-estar da sociedade. Infelizmente, esse cenário atual, de incertezas e insegurança jurídica por causa das pessoas que hoje estão na condução do processo, atrapalha sim o nosso desenvolvimento e o alinhamento do setor público com o setor produtivo. De toda forma, acredito que as pessoas de bem sempre estarão dispostas a ajudar SC no momento em que ela mais precisa. Estaremos sempre aqui pra ajudar Santa Catarina.

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