A CPI dos respiradores produziu um fato inédito na política brasileira e catarinense. Uma comissão parlamentar de inquérito em que o governo, acusado, não tem um único representante que o defenda. Isso é de uma inabilidade sem tamanho. O resultado é que o relatório aprovado, por unanimidade, é mais pesado do que o Gaeco já identificou de irregularidades até o momento.
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A compra dos respiradores foi um desastre e trouxe prejuízo real aos catarinenses. As investigações não estão concluídas, principalmente agora, que o caso subiu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). Nas investigações do Gaeco, Carlos Moisés aparece pois o cargo do governador foi citado numa conversa de WhatsApp por um dos depoentes, que depois esclareceu que não havia relação pontual com o chefe do Poder Executivo.
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A CPI avança ao apontar suposta omissão do governador e que este teria conhecimento do processo de compra dos equipamentos. Pode ser uma narrativa convincente no novo pedido de impeachment sugerido pelos parlamentares. E num caso, dos respiradores, que tem apelo popular e pode ganhar corpo.
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Havia até uma expectativa do tamanho da derrota do Centro Administrativo na CPI. Poderia ocorrer, na votação, já uma reação do governo, fruto das negociações em busca de apoio para evitar o impeachment, já com rito iniciado. A reação foi zero. Uma das leituras é de que o governo pode ter avançado, de fato, na ampliação de sua base de apoio, mas o foco está no processo de afastamento do cargo e os 14 votos necessários. A Casa d´Agronômica não entrou na disputa da CPI. Jogou a toalha logo cedo.
O relatório foi duro, conforme o esperado. O governo colheu o que plantou. É a política real. Sem tem quem o defenda, não havia como esperar algo diferente da CPI.
CPI
A CPI tem o mérito de escancarar para a sociedade a bagunça, o descontrole, o improviso, as irregularidades e a péssima aplicação do recurso público no episódio da compra dos 200 respiradores. Ogoverno errou, também, na quase contratação onerosa de um hospital de campanha. São pontos de inflexão, se analisarmos a gestão Moisés desde o início de seu governo na pasta da saúde, onde a dívida de R$ 600 milhões havia sido zerada.
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