Início de mandato e uma prática se repete, tanto no governo federal como em nível estadual: o discurso da herança maldita para desconstruir o governo anterior.
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Sim, já tivemos governos que deixaram terra arrasada, mas, tal análise merece uma ponderação.
Em termos de indicadores macroeconômicos, é um exagero. O Brasil vem recuperando emprego, embora com crescimento da pobreza e a mazela da desigualdade, tem a balança comercial equilibrada e apresentando crescimento acima de muitos prognósticos negativos. Ainda, com a inflação controlada, em que pese os efeitos da patrolada politiqueira nos combustíveis.
O fato é que, economicamente, o Brasil atravessou a pandemia com importantes indicadores em situação melhor do que o esperado. Quanto aos problemas fiscais e orçamentários, são assuntos diferentes, e, convenhamos, os primeiros não parecem ser prioridade do governo recentemente empossado, a não ser para o discurso político.
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É fato que Bolsonaro foi um desastre em setores vitais, como educação e saúde – neste último com uma gestão irresponsável da pandemia. Mas, não é menos verdade que o governo federal aportou recursos financeiros para os governos subnacionais e a sociedade, e, não obstante a crise sanitária mundial e a guerra entre Rússia x Ucrânia, temos a economia em patamares bastante razoáveis.
Em Santa Catarina, não é diferente. Nas primeiras entrevistas já se percebe a ideia de desconstruir o governo Carlos Moisés, que ao longo da campanha e mandato insistiu muito nos seus resultados fiscais, tanto o equilíbrio das contas como os recordes de investimentos com recursos próprios, sem endividamento.
Em que pese os possíveis problemas – e se houver a sociedade deve ser informada -, o fato é que os números de Carlos Moisés foram, até aqui, reconhecidos pelo Tribunal de Contas, que no terceiro ano não fez sequer uma ressalva em seu parecer prévio anual. É inegável reconhecer as reformas administrativa e previdenciária, a predominância técnica do governo e as revisões de contratos – muitos deles protagonistas da Operação Alcatraz, tida como a Lava Jato Catarinense.
Inquestionável também o apoio financeiro do governo federal ao enfrentamento da pandemia, mas, tais valores ficam restritos à 2020 e não suportariam os investimentos com recursos próprios realizados em 2021 e 2022, inclusive em rodovias federais, diga-se, realizados com recursos próprios.
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Não se nega a realidade de que alguns governos deixam uma herança catastrófica. Mas, tal análise deve ser ponderada. E, tanto em nível federal quanto no Estado, os governos que assumem devem ser mais avaliados pelas suas iniciativas do que pelo que falam dos anteriores.
A velha e cansativa estratégia de anunciar uma terra arrasada, para potencializar os avanços – ou mitigar os retrocessos – do novo governo nem sempre condiz com a verdade.
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