Carlos Moisés faz um governo técnico, austero e com bons indicadores de gestão e que deve deixar um bom legado em diversas áreas. Porém, falta ainda uma marca que o faça ser identificado pelo eleitor, o que normalmente só repercute numa atividade finalística. Pelo trabalho destacado até aqui e o volume de obras a ser entregue nos próximos dois anos, talvez a infraestrutura seja esse legado. Na eleição, a marca era Jair Bolsonaro. Hoje, já não é mais. Ambos se distanciaram.  Santa Catarina deu a Bolsonaro a maior votação proporcional do país no primeiro turno em 2018. Difícil acreditar, mesmo com o desgaste do presidente, que essa base de apoio tenha evaporado. Pode ter diminuído, mas ainda é forte. Quem defende Moisés, mesmo que este faça um bom governo?

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Moisés teve mais uma importante vitória política esta semana. Após a Polícia Federal ter descartado a participação dele na compra desastrosa dos respiradores, agora foi a vez do Ministério Público de Santa Catarina fazer o mesmo.

Em situações assim, a história nos mostra que políticos tradicionais vêm a público com manifestos de que a justiça, enfim, foi feita, e apontam que os adversários fizeram denúncias infundadas. O ocupante da Casa d´Agronômica, contudo, manteve-se discreto. Exaltou a decisão, sem disparar contra ninguém. Não teria como fazer um discurso contra aqueles que o criticaram há pouco tempo e de forma eloquente e, por ora, o apoiam neste “novo momento” do governo.

É um movimento natural o governante tentar a reeleição. Não se sabe qual será a postura de Moisés em 2022. Não há dúvidas de que os arquivamentos da investigação contra ele, no caso dos respiradores, dão margem para algo neste sentido.

A saber, se o realinhamento político com o Palácio Barriga Verde destina ao bombeiro aposentado apenas  concluir o governo e preservar sua biografia, ou lhe dará fôlego para voos mais altos, consolidando uma habilidade política que lhe faltou nos primeiros dois anos. Há muito o que ocorrer até o momento da decisão.

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