O velho e correto discurso da falta de reciprocidade da União com Santa Catarina pode virar apenas uma frase solta no ar e sem nenhum efeito prático. Aliás, não mudaria muito em relação ao que já ocorre hoje, mas pelo menos seria menos cínico e mais verdadeiro.

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O que temos visto nas propostas de alguns candidatos ao governo do Estado é de que Santa Catarina deve usar o dinheiro do seu contribuinte para assumir responsabilidades que são da União em estradas, educação em certos casos e saúde.

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É isso mesmo caro leitor, cara leitora. Como não temos representatividade política, como é um escárnio a discrepância entre o que Santa Catarina recolhe de tributos e o que volta para nós, a solução encontrada é deixar assim mesmo e nós assumirmos o que é de responsabilidade do Governo Federal.

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Após acompanhar recentemente o ministro da Educação, Victor Godoy Veiga, em visita em Blumenau na histórica luta pela federalização da Furb, agora, o candidato Jorginho Mello (PL) diz que o estado vai comprar todas as vagas do sistema Acafe e oferecê-las de graça aos estudantes, sem cobrança de mensalidade. Mas a federalização da Furb ? Virou pó?

Claro que a ideia é boa e parece bem intencionada, entretanto, é mais uma dívida que a União tem com Santa Catarina na prometida federalização da Furb que, com a estadualização do sistema Acafe, parece perder o sentido e o Governo Federal não entraria com nem um centavo de real. A não ser que esteja no orçamento da União, algo que não existe ainda.

Nas estradas, Carlos Moisés já colocou R$ 465 milhões em rodovias federais em função do ritmo paquidérmico da duplicação da BR-470, mas sem nenhuma garantia de compensação por parte da União. O argumento do Moisés é consistente: estava morrendo catarinense e precisava-se fazer algo. Mas importante também é ter articulação e força política em Brasília para garantir os recursos ou ao menos uma compensação financeira, esta última vetada pelo presidente Jair Bolsonaro.

Esperidião Amin (PP) também defendeu o aporte de recursos de Santa Catarina em obras federais, mas com compensação financeira. Entretanto, sua experiência política não foi suficiente para garantir ainda que isso ocorra, embora o mesmo tenha convicção de que o veto foi burocrático e será revertido.

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A percepção que fica é que, ao contrário do Norte e Nordeste do país, onde os parlamentares atuam em bloco para garantir recursos para suas regiões, nossas divisões internas ou a pouca representatividade deixam Santa Catarina às margens da fatia na qual merece do orçamento da União.

Assim, pelas propostas apresentadas, no lugar de buscar os recursos dos quais o catarinense tem direito, parece mais fácil praticar uma espécie de bitributação.

Os políticos optaram pelo caminho mais fácil na medida em que há dinheiro em caixa: vamos pagar a conta, mesmo que ela não seja nossa. O certo era lutar por aquilo que é de direito dos catarinenses. Mas não, “jogaram a toalha” e o catarinense irá pagar em dobro.

O resultado disso é ampliar nos corredores de Brasília a fama de que somos a “Europa brasileira” e que vocês (nós)não precisam de dinheiro.

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Ruim para Santa Catarina.

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