A pandemia divide as pessoas, do ponto de vista do impacto econômico, entre aquelas que perderam e os que nada perderam, e até ganharam. O setor privado paga a conta da crise. De um lado, negócios que faliram e trabalhadores CLT que foram demitidos ou tiveram os salários reduzidos. Aumento de salário no setor privado no período da pandemia é ficção científica. No máximo, a reposição da inflação, em alguns casos, nem de forma integral.
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Em março de 2020 (fase inicial da pandemia) o desemprego no Brasil estava em 12,6%. Um ano depois, subiu para 14,7%, a maior da série histórica. São 14,8 milhões de pessoas que não têm trabalho. Nos negócios, a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-SC) aponta que 60% dos funcionários foram demitidos. Levantamento da Associação dos Bares e Restaurantes (Abrasel-SC) conclui que 40% dos estabelecimentos fecharam as portas em Santa Catarina.
O setor de eventos foi o mais devastado pela crise. Foi o primeiro a parar e será o último a voltar. Alguns conseguiram financiamento com juro baixo. Uma hora a carência do empréstimo vence e precisa pagar. Mas como pagar se as atividades não foram retomadas? É triste demais.
Vem aí o auxílio estadual de R$ 900, em três parcelas de R$ 300, em que os demitidos no setor também serão contemplados. Os trabalhadores de eventos, na grande maioria, atuam por empreitada. Tendo evento ganha, não tendo, não ganha. Imagine uma recepcionista que obtinha uma renda média de R$ 2,5 mil com os eventos. Agora, ela ganhará por mês uma ajuda de R$ 300. A conta não fecha e o desespero bate.
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Em contrapartida, o setor público não perdeu em nada. O servidor não é culpado disso, claro, está no papel dele em buscar o que acha ser justo e legítimo. Trata-se apenas de uma constatação clara e objetiva.
O governador Carlos Moisés anuncia que nenhum professor ganhará menos do que R$ 5 mil. Ótimo valorizar a educação, sempre tão esquecida. A Alesc, entretanto, deve engordar o reajuste e estender para mestres com mais tempo de serviço, com mestrado e doutorado. De novo, justa valorização, mas a conta vai ficando mais cara. Na segurança pública, só que a partir de 2022, vem a justa valorização dos policiais, com 20% a mais aos praças, por exemplo.
O que a sociedade espera é que a justa valorização desses servidores venha acompanhada da melhora da oferta do serviço prestado ao cidadão. Infelizmente, não há garantia de que isso ocorrerá. A única certeza que temos, por enquanto, é do aumento da folha. E o inchaço do gasto com funcionalismo pode aumentar ainda mais quando passar pela Alesc, sempre muito sensível às pressões das corporações.
Segundo a pesquisadora e professora de administração pública da Udesc/Esag, Paula Chies Schommer, o aumento de salário é um dos elementos para melhorar a produtividade, porque atrai os melhores profissionais e motiva.
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– Só que isso apenas não se sustenta no médio e longo prazos – afirma ela.
A professora explica que é importante “aprimorar, redesenhar os processos, serviços e políticas, monitorar e dar publicidade a dados e resultados e envolver o usuário”. Enfim, um sistema justo de avaliação, com metas, cobrança e valorização para aqueles que entregam mais e melhor ao cidadão. O aumento de salário precisa vir acompanhado de melhores serviços prestados ao cidadão, caso contrário, será apenas aumento de despesa.
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