A Associação Israelita Catarinense (AIC) encaminhou um ofício para a Reitora da UFSC como forma de protesto ao evento intitulado “Ato Salve o Povo Palestino- Basta de Genocídio”, que irá ocorrer no dia 23 de novembro no Auditório Garapuvu, Centro de Eventos na universidade. O cartaz do ato informa a presença do jornalista  Breno Altman, e Ualid Rabah,  presidente da Federação Árabe Palestina. 

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Altman foi duramente criticado pela comunidade judaica brasileira desde os atos terroristas do dia 7 de outubro, promovido pelo Hamas, e que resultou na morte de 1200 civis e sequestro de mais de 200 pessoas, entre crianças, bebês, idosos, homens e mulheres.

No dia 12 de outubro, Altman escreveu em rede social, ao falar do Hamas:

“…Relembrando o ditado Chinês, neste momento não importa a cor dos gatos, desde que cacem os ratos”. Depois, devido à repercussão, se explicou que a comparação com os roedores foi em relação ao Estado de Israel, não aos judeus.

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Disse, também, que “o regime sionista precisa ser liquidado” e substituído por “uma República binacional”.

Confira a nota da AIC encaminhada para a Reitoria da UFSC:

Ao magnífico reitor Prof. Dr. Irineu Manoel de Souza,

Considerando o ambiente plural, democrático e respeitoso da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), escrevemos esta carta para expressar nosso descontentamento e receio com o evento “Ato Salve o Povo Palestino – Basta de Genocídio!” a ser realizado no dia 23/11 (quinta-feira) às 19h, no auditório Garapuvú, do Centro de Eventos, da UFSC.

Primeiramente, é essencial reiterar o apoio e compromisso da comunidade judaica de Santa Catarina com o diálogo e bem-estar no que diz respeito à solução de dois Estados para dois povos, para israelenses e palestinos. Diante da nossa premissa inegociável, vemos, com muita preocupação, o evento acima descrito com a presença do jornalista e fundador do portal ‘Opera Mundi’, Breno Altman e do presidente da Federação Palestina (FEPAL) no Brasil, Ualid Rabah. Entendemos que, dentro do ambiente acadêmico, existe abertura para ideias de diferentes matizes e conceitos. Porém, o que nos preocupa – e nos faz escrever esta carta ao senhor, são as seguidas declarações de cunho antissemita e antissionista dos respectivos participantes.

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Entre as falas mais preconceituosas, destacam-se a constante narrativa de que Israel não tem direito de existir, e a propagação desta mensagem de ódio a um número grande de pessoas. Além disto, há a reiterada relativização do terrorismo do Hamas contra civis israelenses inocentes. Inclusive, um dirigente do grupo terrorista foi convidado de Altman em um dos seus programas no YouTube, em uma franca exposição de seu ódio ao povo judeu e ao Estado de Israel. Todos estes atos e declarações são formas de antissemitismo segundo a Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA, na sigla em língua inglesa).

Diante do fato exposto, entendemos que a Universidade, através do reitor, deveria, ao mínimo, dar voz para uma atividade acadêmica que contemple a respeitosa busca pelo diálogo e pela solução de dois Estados para dois povos. Por isso, gostaríamos de organizar uma atividade imparcial e justa, diametralmente oposta ao evento exposto anteriormente no texto, que permita a oportunidade, de modo isento, do diálogo referenciado no teor desta carta.

A UFSC se manifestou por nota:

A Administração Central da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) não participa da organização do evento e apenas cedeu espaço para a sua realização, a pedido do Comitê Catarinense de Solidariedade ao Povo Palestino Khader Mahmud Ahmad Othman.

A UFSC reitera sua postura plural, democrática e inclusiva ao abrir espaço para as mais diversas expressões da sociedade. Recentemente, acolheu no auditório da Reitoria um evento da organização Stand With Us sobre antissemitismo, assim como recebeu o especialista Michel Gherman para um debate sobre o neonazismo no Brasil.

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Destaca-se que a UFSC tem uma política de enfrentamento ao racismo institucional para enfrentamento de todas as formas de discriminação, inclusive o antissemitismo, e promove uma campanha contra o racismo e nazismo, além de combater a propagação de mensagens de ódio. A Universidade também está aberta a eventos da comunidade judaica que apresentem diferentes visões e contribuam para aprofundar o conhecimento sobre a questão israelo-palestina.

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