Sem professores e técnicos, os alunos do curso de medicina da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Araranguá, no sul do estado, estão sem conseguir estudar como gostariam com a volta às aulas que ocorreu nesta quarta-feira (3). O Centro Acadêmico Livre de Medicina (Calmed-Araranguá) denuncia que a turma que entrou no segundo semestre de 2018 terá apenas 1 hora/aula das 41h/aula previstas, sendo que essa uma hora é apenas para a matéria de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).

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Segundo o presidente do Calmed, o acadêmico Daniel Nunes de Mello, um relatório de 59 páginas foi entregue no dia 22 de abril de 2020 para a coordenação responsável em Florianópolis e para a Reitoria. O documento comunicava, desde então, que caso nada fosse feito o curso iria parar ou ter aulas reduzidas pela falta de professores e técnicos. Mello explica que “passou todo o ano de 2020 sem a UFSC fazer nada e  entrou em 2021 sem fazer nada, até que procuramos o Ministério Público Federal (MPF) para denunciar a situação”, diz o aluno.

Após o caso chegar ao MPF, a UFSC publicou edital para contratar professores titulares e substitutos. A notícia é muito ruim para quem busca uma boa formação profissional na graduação, como é tradição na UFSC com seus cursos de excelência. Não bastasse o fato de que as aulas seguem remotas mesmo com a  pandemia em baixa e o avanço da vacinação, esta notícia, agora, compromete ainda mais a formação dos futuros médicos. A UFSC contribuiu bastante com a produção de ciência ao longo da pandemia, mas a continuidade do ensino remoto é de uma hipocrisia enorme que não encontra respaldo científico. 

Ambiente que pode ser controlado, com protocolos, distanciamento, uso de máscaras e de forma escalonada. A volta às aulas presenciais de crianças e adolescentes se mostrou plenamente segura. Com professores e técnicos 100% imunizados não há motivo para continuar em casa.

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Recentemente a coluna citou o caso dos alunos de Odontologia que não conseguiam fazer o estágio obrigatório no consultório modelo e, assim, não podiam se formar. Mas, o mesmo professor que se negou a esse tipo de atividade mantinha o seu consultório particular aberto para atendimento em plena pandemia, segundo relato dos alunos. A velha e famosa hipocrisia. Muito simples quando o salário está garantido no público, e  no privado é preciso correr atrás.

Ouça a entrevista com o presidente do Centro Acadêmico Livre de Medicina (Calmed-Araranguá), o acadêmico Daniel Nunes de Mello:

A UFSC se manifestou em nota:

A Administração Central e a Direção do Campus de Araranguá da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) esclarecem que estão envidando os esforços administrativos necessários a fim de equacionar as necessidades do Curso de Medicina, no Campus de Araranguá, de forma contínua, desde antes de sua criação, em 2017. A pactuação inicialmente realizada para o funcionamento do curso junto ao Ministério da Educação (MEC), e as demandas de prazo mais imediato vem sendo encaminhadas.

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Em síntese, estas são as ações fundamentais realizadas recentemente: 1. Para a contratação de professores efetivos: a. Foram obtidas junto ao MEC, nove vagas de professor(a) para o curso, confirmação recebida em abril de 2021, após tratativas administrativas com o Ministério. Essas vagas, porém, em virtude de determinações externas à Universidade, só podem ser objeto de contratação a partir de 2022; b. Houve o lançamento de chamada pública de redistribuição de vagas entre Instituições Federais de Ensino Superior, (Chamada Pública nº 02/2021), em agosto de 2021, com duas vagas abertas para Medicina de Araranguá em campos de conhecimento distintos.

Foi selecionado um docente no único campo de conhecimento em que houve inscritos (Ciências da Saúde/Medicina/Cirurgia), e o processo de redistribuição está sendo conduzido no âmbito administrativo; c. Foi aberto um Concurso Público para provimento de vagas efetivas: publicação do Edital nº 69/2021/DDP, em setembro de 2021, em sete campos de conhecimento distintos (uma vaga em cada); d. Houve a nomeação de candidato aprovado, em outubro de 2021, com aproveitamento de concurso realizado pelo Departamento de Ginecologia e Obstetrícia do Centro de Ciências da Saúde (aguardando procedimentos legais usuais para posse e entrada em exercício); e. Continuam as tratativas com o MEC para obtenção do restante das vagas pactuadas quando da criação do curso.

2. Para a contratação de professores substitutos para o semestre letivo 2021.2: a. Houve a manutenção do contrato de um professor substituto, contratado para o curso desde 2020; b. Foram abertos três processos seletivos, sequencialmente, desde o início de setembro, visando ocupar nove vagas de professor(a) substituto(a), sendo que: i. O primeiro Edital (73/2021/DDP) foi aberto com nove vagas, houve seis inscrições homologadas, três aprovados, todos foram convocados, mas somente um candidato assumiu uma vaga; ii. O segundo Edital (82/2021/DDP) abriu com seis vagas, houve uma inscrição, que não pôde ser homologada; iii. O terceiro Edital (84/2021/DDP) abriu com sete vagas, e teve as inscrições prorrogadas por falta de inscritos.

A Universidade tem feito ampla divulgação na região e em todo o estado dos seus processos seletivos para contratação de professores efetivos e substitutos. Esclarecemos que todos os esforços acima relatados são no intuito de evitar e minimizar as dificuldades enfrentadas quando da implantação de um novo curso em uma Instituição Federal de Ensino Superior. Reiteramos o compromisso desta Administração e da instituição para que se encaminhe uma solução o mais breve possível.

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