Minha leitura é simples. Lula solto vai fazer aquilo que mais fez na vida, política. Vai rodar o Brasil, dar entrevistas sem parar, criticar Bolsonaro e reforçar a narrativa de ameaça à democracia. Não poderá ser candidato em 2022, é ficha suja. Mas Lula na rua, faz barulho e foi capaz de eleger até poste, como Dilma, de pouca expressividade política, até virar ministra, mãe do PAC e o resto é história. É claro que o cenário é outro. O país vivia um bom momento econômico e foi antes do PT sofrer o desgaste por corrupção escancarado pela Laja Jato.

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Lula deve colar em Haddad ou outro representante da esquerda para tentar colocá-lo no planalto. Lula no cenário significa aumentar a temperatura pela sucessão em 2022. Lula de volta ao cenário é bom politicamente ao presidente Jair Bolsonaro. Quem mais representa o antipetismo/lulismo do que ele?

Vamos imaginar o seguinte cenário: país voltando a crescer, mesmo que em patamar tímido, 1,5 ou 2%, mas crescendo. Discurso de Bolsonaro será de que o país foi colocado no trilho, que pegou Brasil quebrado, as reformas foram feitas e o crescimento econômico foi retomado. Será dito que o PT foi a desgraça maior para aprofundamento da crise econômica e que ele é o único capaz de evitar a volta do partido da bandeira vermelha estrelada. Será corda esticada e com tensão permanente, ruim para os debates realmente importantes, mas bom para quem luta pelo poder num ambiente polarizado. Vale para o PT e vale também para o presidente Jair Bolsonaro, dentro ou fora do PSL.

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