Em julho passou a vigorar na União Européia uma lei que obriga os novos carros a virem com uma câmera que identifica fadiga e sonolência. O Euro NCAP (programa europeu de segurança em automóveis), também incorporou a detecção de sonolência como parte de seu protocolo de avaliação ao analisar as classificações de segurança de um veículo.
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No Brasil, estudo realizado pela pela Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (ABRAMET) em parceria com a Academia Brasileira de Neurologia e com o Conselho Regional de Medicina, aponta que 42% dos acidentes estão relacionados ao sono e 18% por fadiga.
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A coluna conversou com Sidnei Canhedo, Mestre em Saúde Ambiental e Gestor da Optalert, biotech australiana, líder mundial em tecnologia de controle de fadigas :
Como se controla a fadiga dos motoristas para que acidentes e mortes sejam evitados?
O primeiro passo seria uma higiene de sono saudável, no qual o motorista dormiria oito horas em uma condição adequada, porém sabemos que isto é muito difícil de ocorrer, ainda mais no Brasil.
Prevenir é essencial. Bocejo frequente, vontade de cochilar, olhos cansados, ou aumento do piscar de olhos, pequenas desviadas de faixa, passadas sobre “tiras de ruído” na estrada, incapacidade de lembrar os últimos quilômetros, seguir carros muito de perto e a dificuldade em manter a velocidade adequada. Se um desses ocorrer, não há porque insistir. Pare em um local seguro e descanse, ou passe a direção para outra pessoa.
O segundo passo é exigir que as esferas governamentais façam campanhas constantes de conscientização de motoristas. Peças e ações criativas e que gerem resultados efetivos que alertem os condutores sobre os riscos de começar a dirigir já com sono, ou de não parar quando ele surgir durante a condução.
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A terceira ação é que a legislação avance em duas frentes: com multas e punições a quem for pego conduzindo com sonolência. Em Nova Jersey, por exemplo, a condução ‘conscientemente sonolenta’ pode levar a pessoa a ser acusada de homicídio veicular. O estatuto da ‘Lei de Maggie’ define como fadiga estar sem dormir por um período superior a 24 horas consecutivas. O infrator é cobrado no mesmo nível que um condutor embriagado.
E aprovar uma resolução que preveja a obrigatoriedade de colocar equipamentos (câmeras), em veículos que detectem a fadiga de motoristas. a Comissão Europeia decidiu incluir a detecção de sonolência do motorista como uma das exigências de segurança em carros vendidos dentro dos 27 países que compõem o bloco. O Euro NCAP (programa europeu de segurança em automóveis), também incorporou a detecção de sonolência como parte de seu protocolo de avaliação ao analisar as classificações de segurança de um veículo.
As câmeras de veículos convencionais trazem a tecnologia no formato de sensor integrado ao veículo que avisa ao motorista com um sinal no painel, sobre qualquer indicação de fadiga. Trata-se de anjo da guarda privativo, esse sim, que passará a vir de fábrica, mas, por hora, apenas nos novos veículos europeus.
Além dessas câmeras convencionais, há ainda sistemas mais sofisticados, como os desenvolvidos pela Optalert, com óculos repletos de sensores que são usados, por exemplo, em caminhões fora-de-estrada em mineradoras, e que estão integrados a um complexo software que não só avisa os motoristas, como gera alertas preventivos a uma sala de controle e monitoramento de segurança que será avisada antes de um possível cochilo acontecer. Trata-se do que há de mais seguro na relação entre sono e volante.
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Vale alertar que a sonolência é uma das principais causas de deficiência de motoristas e é um dos principais condutores de acidentes fatais em rodovias. Estudos independentes na Europa mostraram que aproximadamente 1 em cada 5 acidentes de trânsito são causados por sonolência ao dirigir.
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