O guitarrista Paulo Rafael nos deixou, nesta segunda (23), aos 66 anos. Lutava contra um câncer, que começou no fígado. Uma perda gigantesca para a música brasileira e para quem, aqui mesmo de Santa Catarina, adorava o pernambucano. Era uma grande figura. 

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Com estreitas relações com SC. Foi em Florianópolis que conheceu o amor da vida. A manezinha Cacá Orle era casada com o “tio Paulinho” há mais de 30 anos. O casamento foi celebrado em Floripa. E o mais sublime momento desta união também chegou por Floripa: o nascimento da filha Rafaela.

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Paulinho adorava a ilha. Sempre que dava, aparecia. Uns dias de folga, uma semaninha de férias, se possível, na casa dos sogros, seo Carlos e dona Léa. Matava a saudade dos familiares, reecontrava os amigos, e dedilhando uma ou outra nota na intimidade e sem compromisso recarregava as baterias para a agenda sempre repleta de shows.  

Paulo Rafael e a esposa Cacá Orle em Sambaqui, no Norte da Ilha
Paulo Rafael e a esposa Cacá Orle em Sambaqui, no Norte da Ilha (Foto: Arquivo pessoal)

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Para o sobrinho de Floripa, Carlos Eduardo Orle Neto, uma inspiração. Tanto que veio dele, esta bela e emocionante homenagem ao tio:    

“Nunca tive aquele tio tradicional que conta a piada do pavê nos almoços de domingo em família. Meus tios são todos descolados. Foram os cabeludos dos anos 70 que amavam os Beatles e os Rolling Stones.

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Tio Paulinho sempre foi um ídolo. Imagine para um moleque de cinco anos, ver na sala de casa, aquele cabeludo de sotaque pernambucano simpático (até hoje falo o seu “Oxe” ou o “Eita”), tocando em sua guitarra Steve Vai , Joe Satriani, ou então o solo de “Anunciação”. Eu pirava. Tenho lembranças dos dias que íamos pro seu estúdio de gravação no Rio, quando me levava junto pros seus shows, ou quando assistíamos a dvds e ele me explicava com detalhes sobre os amplificadores Marshall antiquíssimos do David Gilmour, ou ainda quando contava histórias da vez em que gravou no mesmo estúdio em que estava o Def Lepard na Alemanha. Momentos que guardarei comigo pra sempre.

Nascido em Caruaru em 11 de julho de 1955, foi um dos melhores guitarristas do Brasil e por muitos foi considerado o melhor violinista de 12 cordas do país. Foi fundador da banda Ave Sangria e protagonista do “Udigrudi”, movimento de rock psicodélico pernambucano na primeira metade dos anos 70. Guitarrista e parceiro de Alceu Valença por quase 50 anos é responsável pela guitarra na obra prima “Anunciação”. Tocou nas primeiras edições do Rock in Rio e no Festival de Montrieux. Compositor e produtor, fez álbuns de Zé Ramalho, Elba Ramalho, Geraldo Azevedo, Alceu Valença, entre outros. Trabalhou com os maiores músicos do Brasil. Foi integrante das bandas Eletro Flúminas e Primavera nos Dentes, esta em parceria com Charles Gavin.

Lembrarei sempre de seu jeito amável com todos, seu bom humor, suas histórias maravilhosas e todas as vezes que me tratou com carinho e atenção. Era um querido.

Deixa um legado.

A AVE SANGRA, a música chora, é a ANUNCIAÇAO da sua entrada na Valhala das lendas da guitarra e da música.

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Beijos Tio Paulinho. Farás muita falta. Ficam as memórias e as saudades.

Meus sentimentos a Cacá, Rafa, Cristhian e Júlia. Choramos juntos.”

Paulo Rafael começou a carreira nos anos 1970, no Ave Sangria
Paulo Rafael começou a carreira nos anos 1970, no Ave Sangria (Foto: Redes sociais/Reprodução)

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