O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) em Brasília, Jesuíno Rissato, subiu o tom ao rejeitar um pedido de liminar de habeas corpus para o prefeito afastado de Capivari de Baixo, Vicente Corrêa Costa. O documento foi veiculado pela equipe do repórter Juan Todescatt, no Jornal do Almoço (JA), da NSC TV, nesta quarta-feira (1º).

Continua depois da publicidade

Receba notícias do DC via Telegram

Veja parte da decisão:

“Chama atenção que a espera para consultas no município chega ao número de 1.967 posições, exames 728 posições e cirurgias 253 posições (Evento 1, INC1,Página 31), o que leva a crer que se de um lado o grupo empresarial e o prefeito municipal, em tese, estão “nadando de braçada” no orçamento público de Capivari de Baixo, de outro, a população sofre pela falta dos milhões de reais que podem estar sendo divididos entre lucro ilícito do grupo corruptor e propina aos agentes públicos municipais, notadamente o chefe do Executivo.

Ademais, 24,82% da população de Capivari de Baixo não sabe ler nem escrever, números totalmente incompatíveis com a média do Estado de Santa Catarina (Evento 1, INC1, Página 31). Em suma, o que se vê é uma gravidade concreta e acentuada da conduta, colocando em latente risco a ordem pública e econômica.

Ademais, há a necessidade de resguardo da instrução criminal, haja vista que o investigado apagou conversas pelo aplicativo de mensagens que posteriormente recuperadas denotaram conversas aparentemente sobre ilícitos, bem como que recentemente trocou de dispositivo móvel no transcurso das investigações.

Continua depois da publicidade

Não fosse isto, chama atenção que o investigado recebeu uma ligação de 36 segundos, do suposto operador da propina, na noite anterior à busca e apreensão em sua residência.

Todos estes elementos, somados ao seu alto poder político, denotam igualmente que somente através da prisão preventiva que poder-se-á realizar uma instrução processual sem influências, máculas ou obstrução.

Ex positis, a gravidade concreta da conduta, o risco à reiteração delitiva, a necessidade do resguardo da ordem pública, econômica e a correta colheita das provas na instrução processual evidenciam a imperiosidade da prisão preventiva de Vicente Correa Costa, motivo pelo qual a decreto.”

Gravações apontam pagamentos do Propinoduto do Lixo em SC dentro de carros e hotel

Outro trechos

No documento veiculado com exclusividade pelo JA, o ministro relembra pontos da investigação que, além de Vicente, envolve o secretário de Gestão e Fazenda do município, Glauco Gazola Zanella.

Continua depois da publicidade

Superfaturamento e direcionamento de contratos públicos com a empresa Serrana Engenharia com sede em Joinville, ligações e mensagens do “mensageiro da propina” com o prefeito e secretário de Capivari de Baixo, mesadas ilícitas, altos valores em “dinheiro vivo” na residência dos dois.

Confira trechos da decisão:

Trecho da decisão do STJ (Artes: Andreza Guerner/NSC TV)
Trecho da decisão do STJ (Artes: Andreza Guerner/NSC TV)
Trecho da decisão do STJ (Artes: Andreza Guerner/NSC TV)
Trecho da decisão do STJ (Artes: Andreza Guerner/NSC TV)
Trecho da decisão do STJ (Artes: Andreza Guerner/NSC TV)
Trecho da decisão do STJ (Artes: Andreza Guerner/NSC TV)

Vicente Corrêa Costa e Glauco Gazola Zanella permanecem presos preventivamente, assim como seis prefeitos e outros agentes públicos, também detidos nas três fases da Operação Mensageiro, que investiga possíveis irregularidades em mais de 140 cidades, no que vem sendo considerado o maior escândalo de corrupção de Santa Catarina.

O que dizem os citados na decisão do ministro

O advogado que defende Vicente Corrêa Costa e Glauco Gazola Zanella, ainda não respondeu aos questionamentos.

Sobre os dados de saúde e educação no município, citados pelo ministro na decisão, a prefeitura decidiu não se pronunciar por não ter acesso aos autos que poderiam apontar quais as fontes usadas pelo ministro na fundamentação de sua decisão do habeas corpus.

Continua depois da publicidade

A Serrana Engenharia segue afirmando que os processos correm em segredo de justiça e, por esse motivo, não pode se manifestar a respeito do seu conteúdo.

*Com apoio da repórter Luana Amorim, do NSC Total

Leia também:

Operação Mensageiro: o que se sabe sobre o escândalo do lixo que prendeu prefeitos em SC

Investigadores têm provas “pesadas” contra os 7 prefeitos presos na Operação Mensageiro

Operação que investiga escândalo do lixo em SC chega a sete prefeitos presos; veja quem são