Desde o último dia 30 de agosto, uma grande quantidade de petróleo cru vem poluindo as praias do Nordeste brasileiro. Já foram recolhidas cerca de 900 toneladas do óleo, a maior parte graças ao esforço incansável de voluntários diante do maior desastre ambiental que já atingiu nossa costa.

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A causa do vazamento – como ele aconteceu – permanece um mistério. Pesquisadores do Laboratório de Métodos Computacionais em Engenharia da Universidade Federal de Rio de Janeiro (UFRJ) conseguiram estimar que a origem dele estaria a uma distância de 600 a 700 quilômetros da costa, na altura dos estados de Sergipe e Alagoas.

Os problemas ambientais são muitos. O impacto do derramamento desse óleo cru nos ecossistemas marinhos costeiros pode durar mais de 20 anos. Para nós, aqui de Santa Catarina, fica a preocupação: esse petróleo também pode chegar às nossas praias?

Eu conversei com o oceanógrafo da Epagri, Carlos Eduardo Salles de Araujo, e o especialista me disse que sim, pode chegar, mas que isso é extremamente improvável. A explicação está na natureza.

Uma das correntes marítimas que passam pelo Litoral catarinense é a corrente do Brasil, que carrega as águas do Norte em direção ao Sul. Na teoria, ela pode trazer o piche até aqui. No entanto, a corrente do Brasil acompanha a linha da plataforma continental, que é a continuação do continente sob o oceano e onde o mar é mais raso.

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No Nordeste, a plataforma continental tem de 10 a 30 quilômetros de extensão. Aqui no Sul ela é bem mais larga, tem mais de 100 quilômetros, o que ajudaria a manter o óleo afastado das areias das nossas praias.

Ainda de acordo com o oceanógrafo, a corrente do Brasil transporta água em uma velocidade de 2 quilômetros por hora. Nesse ritmo, levaria 45 dias para o piche se deslocar da Bahia, onde está agora, até Santa Catarina. O tempo também é um aliado, já que o óleo sofre degradação e perde volume.

Para o improvável acontecer é preciso que entre em cena uma condição meteorológica específica, como uma sequência de dias de vento Nordeste sobre o mar, interrompida por uma rápida mudança para vento Sul. Neste caso, a corrente do Brasil poderia se aproximar da nossa costa, trazendo o óleo que estaria longe, a mais de 100 quilômetros de distância.

Moral da história: como é melhor prevenir do que remediar, é importante que as nossas autoridades não façam pouco caso e acionem desde já mecanismos de monitoramento de uma eventual aproximação desse petróleo.

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