Em praticamente uma semana, tivemos o anúncio de dois remakes, o do Silent Hill 2 e do primeiro The Witcher. Este ano, também foi marcada a data de lançamento do remake de Resident Evil 4, que sairá em 2023, e o lançamento do questionável remake do primeiro The Last of Us. Quantas vezes já falamos a palavra “remake” só neste parágrafo?
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Temos muitos remakes e remasters atualmente? Acho que temos bem mais do que antes. Talvez porque temos uma biblioteca maior de jogos, se considerarmos todos desde que os videogames se tornaram populares. Talvez porque seja difícil ter acesso ao game original atualmente. Ou, simplesmente, porque as empresas querem um dinheiro fácil em cima de uma franquia que sabem que vai vender.
Independentemente do ou dos motivos, responder à pergunta “precisamos mesmo de tantos remakes e remasters?” não é tão simples. E a ideia aqui não é fazer isso, mas pararmos para pensar na validade desse tipo de jogo. Acho também que um pouco da resposta é pessoal, depende de cada jogador.
Para mim, a questão mais importante nisso tudo é o remake em detrimento de tornar o jogo original disponível. Afinal, por que não tornar o Silent Hill 2 disponível nas plataformas atuais? O Playstation 5 não tem jogos do PS2 no serviço PS Plus? Por que não o Silent Hill 2?
Outra coisa que para mim também pesa contra os remakes é alimentar esse preconceito que alguns jogadores têm com games antigos. É essa verdadeira preguiça que alguns têm em entender que em outros tempos os jogos eram controlados de forma diferente. É essa má vontade ridícula com outro tipo de gráfico.
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Resumindo, é o total desentendimento do videogame como forma de arte. Ou você vê alguém aí defendendo que deveriam reescrever um livro da Jane Austen com linguagem atual? Ninguém fala isso porque todo mundo entende a obra dela como arte. Por que videogames não podem ser considerados uma forma de arte? Só pode jogar se tiver controles e gráficos atuais?
Veja o teaser do remake de Silent Hill 2:
As empresas, é claro, não estão preocupadas. Elas veem os jogos como um produto, assim como provavelmente as editoras veem um livro da Jane Austen. E quer forma mais fácil de ganhar dinheiro do que fazer algo que você sabe que as pessoas vão comprar de qualquer jeito?
O quanto as empresas acham que os gamers estão dispostos a jogar o mesmo jogo de novo, de novo e de novo? Vejam o caso do Shadow of the Colossus, lançado no PS2, depois remasterizado no PS3 e, mais tarde, com remake no PS4. Tirar leite de pedra é pouco para essa galera. E olha que acho Shadow of the Colossus o melhor exclusivo da história do Playstation. Mesmo assim, não sou a favor de o tratarem como um produto caça-níquel.

Porém, tem um lado legal dos remakes e remasters. E é aí que você vai poder me cutucar e dizer que não posso falar nada, afinal não estava eu aqui fazendo textos e textos sobre a glória que é a trilogia Mass Effect? A edição lendária não é uma versão remasterizada dos jogos originais? É sim.
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Se tem alguma coisa que os remakes e remasters são é convenientes. Todos os três games da série num pacotinho, com uma reforma gráfica, com todos os conteúdos adicionais, com melhoras na jogabilidade. Quem não gosta?

Claro que a edição lendária da trilogia Mass Effect é um pacote bem feito e muito conveniente. Lembro-me de, antes de ela sair, eu ficar na internet procurando aquele box com os três jogos que foi lançado mais para o final da vida do Xbox 360. E era um tal de preço alto e gente que perdeu a caixa, mas queria cobrar caro. Essa versão remasterizada me serviu muito.
A outra e principal, pelo menos na minha opinião, vantagem dos remakes e remasters é tornar um jogo que talvez estivesse preso em um console antigo, indisponível aos jogadores atuais. Um exemplo é o Demon’s Souls, lançado no PS5. Ele estava preso no PS3, um videogame ao qual a gente aqui no Brasil só tem acesso no console original mesmo, já que não temos o serviço de streaming da PS Plus. Ainda que esse jogo não seja muito antigo (ele saiu em 2009), dá para dizer que o acesso a ele estava complicado para quem não tem um PS3.

Não estou aqui para bater o martelo se remake e remaster é legal ou não. Minha opinião pessoal é que essa prática está muito banalizada e nem presto mais atenção direito quando anunciam mais um título remasterizado.
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Eu jogo remakes ou remasters quando é conveniente para mim, como ocorreu com Mass Effect. Não acho que eu seja obrigada a jogar um game novamente só porque adorava o original e foi lançada uma nova versão, com gráficos melhores. Não importa o que as desenvolvedoras achem.
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