Tinha vários assuntos para comentar com vocês esta semana, mas eis que surge algo que me deixou incomodada. A Amazon Games fez o anúncio de que vai publicar o próximo jogo da franquia Tomb Raider e que ele será uma “aventura para um jogador focada na narrativa”. Perdoe-me se para você isso soa até legal. Mas eu questiono: Tomb Raider é mesmo um jogo focado na história?

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Talvez eu não tenha muita propriedade para falar sobre a franquia. Afinal, eu não joguei os games originais, graças ao espertinho bobalhão que fez de tudo para manter Tomb Raider fora do Nintendo 64, apesar de o controle dele ser perfeito para o jogo.

Lara Croft observa cervo em Rise of the Tomb Raider
Algo me diz que este cervo não ficou feliz em encontrar a Lara Croft (Foto: Reprodução/Rise of the Tomb Raider)

Eu joguei a franquia a sério pela primeira vez com a versão remasterizada do reboot, no Playstation 4. E gostei. Contudo, foi com Rise of the Tomb Raider que eu realmente me apaixonei pela série.

Além dos lindos gráficos, eu acho que este game faz tudo certo. A jogabilidade é maravilhosa e traz tudo aquilo que a gente associa com Tomb Raider: quebra-cabeças, exploração de locais exóticos e perigosos e muita plataforma.

Porém, se você me perguntar qual é a história do jogo… Não sei. Não lembro. E não me importo muito não. Eu me lembro de outras coisas, dos lugares incríveis em que estive, das cavernas com ursos, dos galpões lotados de inimigos, da neve, dos templos, e do incrível quebra-cabeça das cordas que vinha no conteúdo extra relacionado à bruxa Baba Yaga. Um puzzle complexo, o único do game em que precisei recorrer à internet para me ajudar a resolver. Maravilhoso é pouco.

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Lara Croft pendurada em corda em Rise of the Tomb Raider
Muita exploração e puzzles – isso é Tomb Raider! (Foto: Reprodução/Rise of the Tomb Raider)

Talvez eu esteja exagerando um pouco o ponto do “foco na narrativa” do anúncio da Amazon Games. É que realmente não gostaria que Tomb Raider virasse um The Last of Us da vida. Já disse aqui na coluna que acho o primeiro The Last of Us uma obra-prima e realmente o que me mantinha jogando era a história, já que a jogabilidade é bastante repetitiva, na minha opinião.

Não acho que este seja o caso das aventuras da Lara Croft. Sempre associei Tomb Raider à exploração e aos quebra-cabeças, nunca à história. Não estou dizendo que a narrativa precise ser qualquer coisa, mas também defendo que ela não deve ser o foco do jogo.

Lara Croft em paisagem fria em Rise of the Tomb Raider
Talvez esteja frio aqui (Foto: Reprodução/Rise of the Tomb Raider)

Às vezes, ou quase sempre, o fio condutor de um game é apenas a sua jogabilidade, apenas o quanto é divertido jogá-lo, estar no mundo do jogo, ser aquele personagem. A história pode servir à jogabilidade, e não ao contrário. O desenvolvedor pode bolar a mecânica do game e depois fazer uma história em volta dela.

Nem todos os jogos precisam ser dessa forma, assim como nem todos necessitam ter uma boa história. A variedade é bem-vinda. Porém, já temos uma quantidade significativa de games de grande produção que estão focando na história, tanto que acabam lembrando o formato de filmes ou séries.

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Tomb Raider pode, e deve, ser movido pelas divertidas mecânicas que sempre estiveram presentes na série. Talvez esse ponto da narrativa tenha sido botado no anúncio para agradar aos financiadores e aos jogadores que procuram nos games uma boa história e, no fim, a jogabilidade é que reinará novamente. Espero mesmo que eu esteja exagerando.

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