Acostumada a lidar com o prestígio de investidores na Bolsa de Valores, a WEG encarou uma quarta-feira (25) atípica no mercado de capitais. As ações da empresa catarinense derreteram 10,11% ao fim do pregão, o maior tombo do dia na B3. O desempenho anormal foi um reflexo dos resultados financeiros do terceiro trimestre de 2023, segundo analistas ouvidos pela coluna. Os números divulgados estão longe de serem ruins, mas indicam uma posição de certa forma “inglória”: a companhia acabou se tornando uma “vítima” do próprio sucesso.
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Os números do balanço mostram que entre julho e setembro, na comparação com o mesmo período de 2022, a receita operacional líquida da WEG avançou 2,1% (R$ 8,07 bilhões), o lucro líquido disparou 13,3% (R$ 1,31 bilhão) e o Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) subiu 10,9% (R$ 1,73 bilhão). Por outro lado, esses mesmos indicadores recuaram frente ao segundo trimestre deste ano – com quedas de 1,2%, 4,1% e 5,1%, respectivamente.
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As oscilações, embora pequenas, foram suficientes para ligar o desconfiômetro do mercado. Como a WEG tem sido uma empresa que vem batendo sucessivos recordes financeiros, os resultados abaixo das expectativas de analistas criaram um clima de certa frustração, como se a companhia estivesse deixando a desejar, avalia Rafael Lehmkuhl, assessor de investimentos na Nomos/XP.
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— Da WEG se espera muito. Como ela vem apresentado resultado ano após ano, trimestre após trimestre, o mercado acabou não aceitando. Na WEG paga-se caro pela ação — pontua.
Para Frederico Nobre, coordenador de análise da Warren Investimentos, o mercado se habituou a esperar um crescimento de “dois dígitos” da companhia catarinense. Por isso, o desempenho do terceiro trimestre pode ter alimentado um certo temor de desaceleração dos negócios. O especialista cita resultados bem abaixo do esperado em áreas como geração, transmissão e distribuição de energia. Fatores econômicos externos também pesaram:
— A WEG não é uma ilha — lembra.
Mesmo que os números do período tenham ficado aquém do esperado – principalmente pela queda nas vendas no Brasil –, falar de estagnação ainda soa um exagero. Depois do tombo de ontem, quando fecharam cotadas a R$ 31,47, as ações da WEG reagiram nesta quinta-feira (26) e estavam cotadas a R$ 33,05 por volta das 16h15min, com alta na casa dos 5%. Sem desconsiderar os alertas, Lehmkuhl considera a empresa boa e saudável:
— Ontem o mercado pode ter tomado um choque. Mas hoje parou para fazer contas e viu que não é isso tudo, tanto que (a ação) começou a recuperar.
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