Nove de dezembro de 2010. Há exatos dez anos um evento em Blumenau anunciava o que prometia ser um marco para a indústria automobilística nacional: o lançamento do Vorax. O Restaurante Moinho do Vale foi o palco de apresentação para convidados e imprensa do que se convencionou chamar de primeiro superesportivo desenvolvido no Brasil. Lideranças políticas e empresariais viviam a expectativa de a cidade abrigar uma fábrica do carrão de luxo. Estava tudo alinhado, o investimento era dado como certo. Mas o projeto nunca saiu do papel.
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Alguns meses antes, o Vorax já havia sido exposto no Salão do Automóvel de São Paulo. Com design arrojado, o modelo enchia os olhos. Era um coupê – também em versão conversível – que arrancou elogios, capaz de ultrapassar os 300 km/h, desenhado por um ex-designer da General Motors. O objetivo? Um carro brasileiro capaz de disputar mercado com grifes como Ferrari e Porsche. Pelo tamanho da ambição, naturalmente, tratava-se de um objeto de desejo para poucos. Cada modelo não sairia por menos de R$ 700 mil, a preços cotados na época.
Blumenau entrou no caminho do carrão bem antes disso. Os primeiros contatos com a Rossin-Bertin, a montadora responsável pelo Vorax, começaram entre 2007 e 2008. A crise econômica daquele período colocou o projeto em banho-maria. Passada a tormenta, as conversas foram retomadas. A exposição do modelo no Moinho indicava a escolha dos investidores de implantar uma linha de produção na cidade já a partir de 2011.

Falou-se, à época, em um investimento de até R$ 35 milhões para executar o projeto, a ser consolidado em um prazo de três anos, com geração de 160 empregos e retorno de R$ 80 milhões em impostos para a cidade. A prefeitura de Blumenau sinalizou com a concessão de incentivos fiscais, incluindo o aluguel de um galpão industrial onde o supercarro seria fabricado. O governo do Estado entraria como parceiro do negócio, por meio de uma participação minoritária da SC Parcerias.
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O que faltou, então?
Até hoje essa é uma pergunta sem uma resposta clara. Procurados, o ex-prefeito João Paulo Kleinübing e o secretário de Desenvolvimento Econômico da época, Valdair Matias, dizem que não sabem exatamente o que aconteceu. Alegam que, da parte que cabia ao município, tudo que era possível foi feito. A iniciativa privada é quem teria colocado o pé no freio.
Por outro lado, duas fontes ouvidas pela coluna, que tiveram participação ativa nos bastidores empresariais dessa história, sustentam uma versão semelhante: a fábrica em Blumenau não saiu do papel porque o principal investidor do projeto, sem razão aparente, teria parado de aportar recursos, pegando muita gente de surpresa.
Há quem descarte a ideia de que o Vorax se tornou um fracasso total. Um protótipo, afinal, foi feito, chegou a rodar e inclusive recebeu elogios da crítica especializada. Sem um desfecho oficial, o tempo foi passando e o carrão que um dia foi desejo de consumo de muita gente acabou ficando esquecido na memória.
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