Na construção da própria imagem de prefeito, Mário Hildebrandt (Podemos) se definiu como um político liberal na economia e conservador nos costumes. Ele é admirador confesso de Jair Bolsonaro, como disse em recente entrevista ao Santa, chegou a flertar, no início do ano, com o Aliança pelo Brasil – o partido idealizado pelo presidente que não ficou pronto a tempo das Eleições 2020 – e, assim como o chefe da Nação, é um homem de fortes convicções religiosas.
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Numa disputa eleitoral marcada pela pulverização de candidaturas e por um cenário atípico de pandemia, o rótulo de bolsonarista que Hildebrandt tentou colar em si mesmo viria a calhar em uma cidade que há dois anos entregou 83% dos votos ao capitão da reserva no segundo turno e onde metade da população avalia a gestão presidencial como boa ou ótima.
Essas semelhanças entre ambos já estavam postas à mesa. A crise sanitária provocada pelo coronavírus, por outro lado, tratou de evidenciar as diferenças entre um e outro. O que se viu ao longo dos últimos oito meses foi um prefeito de Blumenau que, ao contrário do presidente da República, não se rendeu ao negacionismo.
O tom oficial nas lives que o projetaram a uma fatia expressiva da população que pouco o conhecia jamais subestimou a pandemia. Pelo contrário, Hildebrandt sempre reconheceu a gravidade da situação, defendeu o uso de máscaras, dispensou a defesa pública da polêmica cloroquina – embora o município tenha encomendado 36 mil doses do medicamento – e chegou a dizer que tinha vontade de chorar quando via idosos, o público mais suscetível à Covid-19, caminhando pelas ruas.
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Ao encaminhar um segundo turno entre Hildebrandt e João Paulo Kleinübing (DEM), o blumenauense já havia sinalizado a predição por uma direita mais moderada no discurso em vez do bolsonarismo raiz. O agora prefeito reeleito colhe os louros de quem, diferente de Bolsonaro, conseguiu ser mais lembrado pelo que faz do que por aquilo que fala.
A expressiva votação no segundo turno, com 72% da preferência do eleitorado, sepulta de vez as críticas de que ele não tinha o mérito de ser prefeito – e apenas o era porque o antecessor Napoleão Bernardes largou a cadeira. Hildebrandt terá mais quatro anos pela frente para terminar de moldar a gestão à sua maneira. Agora incontestavelmente legitimado pelas urnas.
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