O setor de cristais de Blumenau já não vive os mesmos dias de glória do passado, mas as poucas fábricas do ramo que resistiram ao tempo – e principalmente à concorrência de artigos de vidro importados – ainda buscam se reinventar para manter viva essa tradicional atividade da economia local. Uma das apostas é no turismo de experiência, abrindo as portas para que moradores e visitantes acompanhem bem de perto o delicado e artesanal processo de produção.

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Caçula no ramo, a Mozart está apostando em uma novidade neste sentido. A partir desta semana, todos os sábados, um experiente artesão recém-contratado pela empresa fará demonstrações ao vivo na loja de fábrica, que fica na Rua Bahia. Bernadino de Borba, 52 anos, 35 deles dedicados ao ofício, vai produzir na hora miniaturas de animais em cristal – de cavalo a beija-flor, ou o que freguês pedir. Cada modelo leva em média 15 minutos para ser moldado e poderá ser comprado pelo visitante.

Bernadino
Bernadino tem 35 anos de experiência como vidreiro (Foto: Pedro Machado)

Diretor da Mozart, Gabriel Vidigal diz que recebia muitos vídeos de artesãos da Europa produzindo animais em cristal. Além disso, percebeu que essas réplicas chamavam a atenção de crianças que visitavam a loja de fábrica com os pais. O forte da empresa são os copos e taças de cristal, produtos que não despertavam interesse nos pequenos.

— Os olhos delas brilham muito mais vendo os animaizinhos — conta.

O empresário, inclusive, negocia com entidades ligadas ao trade turístico para que Bernadino participe de ações de promoção e divulgação de Blumenau, como feiras e exposições. A ideia é que ele esteja nesses locais produzindo na hora. Seria um outro cartão de visitas da cidade, como já é a presença da realeza da Oktoberfest, por exemplo.

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Museu do cristal

A poucos metros da Mozart existe outra empresa que se dedica à produção de cristais. A Di Murano, porém, tem outra proposta. Conta com uma linha de cerca de 900 itens com foco decorativo, em especial vasos. A fábrica também abre as portas de segunda a sábado para o público acompanhar, com um guia, todas as etapas de produção. No mesmo espaço é mantido um museu que conta a história do cristal e que ganhou nova cara recentemente.

Hoje a Di Murano fabrica em média mil peças por mês e exporta 5% da produção para a América Latina, Estados Unidos, Emirados Árabes e até alguns países da Europa. No Brasil, está presente em lojas de móveis e decoração de alto luxo. O forte, conta o diretor Marcos Paulo Cavalli, são as peças que levam ouro 24 quilates. São as preferidas de sheiks árabes.

Para se manter competitiva em um segmento que penou nos últimos anos, a Di Murano aposta na diferenciação. Participa de feiras e lança de 80 a 100 novos desenhos de produtos por ano, desenvolvidos internamente.

— Costumo dizer que não somos uma fábrica, mas sim um estúdio de arte em grande escala — resume Cavalli.

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Di Murano
Na Di Murano, o forte são o design e as peças de apelo decorativo (Foto: Pedro Machado)