Uma tradicional fábrica de painéis decorativos de interiores em PVC de Joinville teve a falência decretada pela Justiça. A decisão coloca um ponto final em uma trajetória de 20 anos da Plasforro, que chegou a ter lojas próprias e a participar de importantes feiras da construção civil. O despacho foi publicado no dia 6 de março e é assinado pelo juiz Uziel Nunes de Oliveira, da Vara Regional de Falências, Recuperação Judicial e Extrajudicial de Jaraguá do Sul.
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A empresa entrou com pedido de recuperação judicial em 2020. A petição inicial apresentada à Justiça destacava um “momento de caos financeiro”, com caixa travado, retenções de pagamentos por bancos e acúmulo de dívidas, avaliadas em R$ 7,7 milhões – passivo sujeito à recuperação.
Na época, a Plasforro tinha cerca de 100 funcionários diretos, capacidade de produção de 250 mil metros quadrados por mês e faturamento anual na casa dos R$ 10 milhões, segundo informações dos autos do processo e de relatórios de atividades operacionais da companhia.
Uma “conjuntura de fatores” desencadeou a crise, segundo a Plasforro. Na petição inicial, a empresa listou como principais a alta da inflação e da matéria-prima, variações cambiais, oscilação de juros praticados no mercado financeiro e os efeitos causadas pela pandemia de Covid-19, com suspensão de atividades na indústria e no comércio.
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A companhia chegou a elaborar um plano de recuperação judicial, informando como pretendia pagar as dívidas e reestruturar o negócio. O documento foi aprovado por credores e homologado judicialmente em 2022. As condições acertadas, no entanto, não estavam sendo cumpridas.
“Denota-se que após a concessão da recuperação judicial à empresa recuperanda, durante o prazo de fiscalização, aportaram aos autos inúmeras manifestações de credores e da própria administração judicial indicando o descumprimento do plano”, anotou o magistrado no despacho.
Outros fatores tornaram a continuidade do processo inviável, na análise do juiz, entre eles o não pagamento de credores trabalhistas e de débitos tributários, o abandono de processos perante a Justiça do Trabalho e o afastamento de um sócio administrador. Além disso, a empresa era alvo de uma ação de despejo do imóvel onde mantinha a produção e já havia paralisado as atividades.
A própria Plasforro confirmou à Justiça que descumpriu obrigações previstas no plano de recuperação e que estava sofrendo com falta de matéria-prima, de capital de giro e para manutenção de equipamentos e de logística de transporte.
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“No caso dos autos, não há apenas um pontual motivo capaz de justificar a convolação da presente recuperação judicial em falência, mas vários descumprimentos legais”, concluiu o juiz.
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Próximos passos
Com a decretação da falência, bens que pertencem à Plasforro serão avaliados e irão a leilão para o pagamento de dívidas. A lista inclui máquinas e veículos, diz o advogado Frederico Jorge, administrador judicial da companhia. Não há imóveis na relação.
Jorge diz que a empresa encerrou as atividades na prática no fim de 2023, à época já com um quadro reduzido de funcionários. Ele estima que as dívidas da Plasforro estejam na casa dos R$ 10 milhões, a maior parte com fornecedores e prestadores de serviço.
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Os valores arrecadados com a alienação dos bens vão custear, por ordem, encargos do processo e dívidas trabalhistas.
— O que a gente luta sempre é para arrecadar o maior valor possível para o pagamento dos trabalhadores — diz o administrador judicial.
A coluna não localizou representantes da Plasforro para comentar o assunto. O espaço segue aberto.
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