Uma tradicional empresa do setor têxtil de Brusque está se preparando para um processo de recuperação judicial. Fundada em 1963, a Favo Malhas, que atua com alvejamento e tingimento de tecidos, artefatos têxteis e estamparia, deve apresentar até o fim deste mês à Justiça um documento com detalhes da situação financeira do negócio, para então formalizar o pedido para a concessão do benefício.
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Antes disso, a empresa já obteve, no dia 24 de outubro, decisão judicial favorável que impede o corte de energia elétrica da fábrica, proíbe a retirada de bens considerados essenciais para a operação, como máquinas, equipamentos e matéria-prima, e suspende temporariamente ações de execução. Essas medidas costumam ser tomadas quando a recuperação judicial é aceita – de certa forma, trata-se neste caso de uma antecipação do processo.
“Cuida-se de atividade empresarial de impacto, cujo soerguimento revela-se imperioso a partir do cenário econômico municipal, não só pela renda gerada e impostos devidos, como também pelas consequências econômico-sociais que a eventual demissão de cerca de 200 pessoas possa ter na vida pessoal de cada um e na economia local”, anotou a juíza Joana Ribeiro, da Vara Comercial de Brusque, ao justificar a decisão.
Embora conte hoje com 200 funcionários, a Favo Malhas já teve o dobro disso em um passado não muito distante. A empresa, revelam documentos acostados nos autos do processo, começou a enfrentar dificuldades mais severas a partir da crise econômica de 2015, momento em que se endividou com bancos e fornecedores para fazer frente às despesas.
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A situação piorou durante a pandemia de Covid-19. Dispensas de funcionários também aumentaram os custos com rescisões dos contratos. Nos últimos anos, houve denúncias de trabalhadores de atrasos e parcelamentos dos salários.
Hoje a Favo acumula uma dívida fiscal na casa dos R$ 81 milhões, mas a quantia em aberto que deve estar sujeita ao futuro plano de recuperação judicial é de R$ 27,4 milhões – entre débitos com funcionários, bancos e fornecedores. Para reorganizar as contas, a empresa diz apostar no próprio nome consolidado no mercado, extensa carteira de clientes em todo o país, maquinários operantes e de qualidade, parque fabril próprio e equipe de excelência.
— O que impede a empresa hoje de ter sucesso é o alto grau de endividamento. Se a recuperação judicial consegue equacionar o passivo, a empresa é lucrativa e gera dividendos para a cidade — diz o advogado Pedro Cascaes Neto, que representa a Favo Malhas no caso, citando a importância social do negócio a partir da geração de empregos, recolhimento de impostos e movimentação da economia.
Apesar dos benefícios desse instrumento, a recuperação judicial é um movimento arriscado e complexo. Quando não funciona, o destino da empresa costuma ser a decretação de falência.
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