Muita gente já conhece a história da venda da Dudalina, empresa fundada em Luiz Alves que alcançou o status de maior camisaria da América Latina. Passados quase 10 anos desde que os herdeiros da família Hess de Souza deixaram de controlar a tradicional marca, entretanto, ainda há bastidores da negociação que poucos ouviram falar.

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Sexta dos 16 filhos do casal Duda e Adelina e presidente na época em que a empresa catarinense aceitou uma proposta milionária de compra, Sônia Hess deu detalhes da operação em um evento sobre sucessão familiar promovido nesta quinta-feira (31) em Blumenau pela aceleradora de negócios Venture Hero.

A executiva lembrou que nem todos os irmãos concordavam em vender a Dudalina. Mas que um acordo de acionistas e o aval de um conselho de administração, do qual três dos sete membros eram independentes, de fora da família, permitiram que o negócio ocorresse mesmo a contragosto de alguns dos herdeiros.

Sônia também contou que tentou exercer um papel de “embaixatriz da paz” em meio às divergências que ocorriam entre os irmãos sobre os rumos dos negócios. A empresária revelou ainda que trabalhou para cumprir um desejo dos pais, de que a família ficasse bem.

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— Eu pensava: só vai ter solução se a empresa for vendida — compartilhou no evento.

No fim, a venda da Dudalina para os fundos americanos Warburg Pincus e Advent International por R$ 650 milhões, um dos maiores negócios do setor têxtil já feitos no Brasil à época, garantiu segurança financeira aos herdeiros. Toda a papelada da transação foi conduzida por um único advogado de Blumenau.

Mais tarde, em 2014, a Dudalina anunciaria uma fusão com outra gigante varejista, a Restoque, atual Veste S.A. Sônia, que daquela vez não concordava com a venda, acabou deixando a empresa no ano seguinte.

Além de Sônia, evento mediado pelo advogado Marco Poffo (com o microfone) também teve as participações dos jovens Lucas Poleza (E) e Julia Breitkopf (D) (Foto: Lara Kreusch, Divulgação)

Sucessão

Durante o evento, Sônia revelou que o inventário da mãe ficou pronto cerca de 60 dias após a morte de Adelina, em 2008. A empresária trouxe essa curiosidade para exemplificar a importância de empresas familiares planejarem com antecedência a transição para os herdeiros.

Hoje atuante no terceiro setor como vice-presidente do grupo Mulheres do Brasil, que luta por mais protagonismo feminino na sociedade, Sônia também avaliou que um dos desafios de qualquer processo de sucessão é lidar com o desapego, principalmente dos pais.

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— Conheço muitas famílias que não largaram e aconteceram problemas mais sérios — contou.

O evento também teve as participações dos jovens Lucas Poleza e Julia Breitkopf. Hoje com apenas 25 apenas, Poleza contou dos desafios de assumir o comando da empresa da família, a DDX Têxtil, quando o pai, Valdecir, foi diagnosticado com leucemia e precisou ficar 40 dias internado.

— Do dia para a noite, simplesmente essa figura forte não podia mais atuar na empresa — disse Lucas sobre o pai, que hoje está recuperado.

Julia, que pertence à quarta geração da família que administra o Grupo Breitkopf, com atuação em concessionárias de veículos, consórcios e seguros, revelou que o acordo para a sucessão foi costurado durante anos e assinado somente em 2022. Mediador do encontro, o advogado Marco Poffo resumiu o que é essa transição:

— A sucessão é uma corrida longa, de profundidade. Não é só passar o bastão.

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