Distante dos holofotes políticos desde o acachapante revés sofrido nas eleições de 2018, quando foi candidato a vice-governador de Santa Catarina em uma chapa encabeçada por Mauro Mariani que não decolou e sequer chegou ao segundo turno, o ex-prefeito de Blumenau Napoleão Bernardes voltará a advogar. Em uma publicação nas redes sociais na sexta-feira (26), anunciou a abertura de um escritório de advocacia personalizada. Vai concentrar a atuação na área de Direito Penal, sua especialidade.
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É uma espécie de retorno às origens. Formado pela Furb no final de 2005, Napoleão chegou a advogar entre 2006 e 2008, ano em que se elegeu vereador de Blumenau – desde então, a rápida ascensão na política acabou deixando o Direito em segundo plano. A advocacia, porém, não o afastará em definitivo da vida pública. À coluna, Napoleão disse que não descarta disputar novas eleições – para o Legislativo ou para o Executivo. E que continua participando das atividades partidárias do PSD, sigla a qual é filiado desde agosto de 2019, mesmo em uma função de menos exposição.
— A ideia da minha participação (no PSD) é ser algo mais programático, no sentido de trabalhar com lideranças do partido planos de governo e práticas administrativas — contou à coluna em conversa por telefone na manhã deste sábado (27).
Por ora, diz Napoleão, a atenção está voltada à vida acadêmica – ele segue dando aulas na Furb – e ao (nem tão) novo desafio profissional. Na esfera política, o ex-prefeito tem se mantido afastado de polêmicas – e o silêncio, neste meio, sempre acaba suscitando especulações. Temas ligados ao Direito e fotos da família predominam em suas postagens nas redes sociais. Sobre a atual crise sanitária e econômica, praticamente só fala quando é provocado. Quando o faz, não aponta dedo para alvos específicos:
— Só quem está ali liderando a gestão, no olho do furacão, com todo o cabedal de informações, tem a melhor condição de decidir. Penso que seria irresponsabilidade de minha parte, como gestor que fui, ficar dando pitaco. Seria meramente especulação, que não contribuiria para o processo. Sem o conjunto completo, ficaria no quadro do achismo. E tudo que a gente não precisa em uma gestão de crise é de mais achismos.
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De certa forma, Napoleão vive uma espécie de exílio político, uma fase mais de reflexão do que ação prática. Nos tempos de PSDB, era tratado como uma estrela em ascensão. Em 2010, já como vereador, fez boa votação como candidato a deputado federal. Não se elegeu, mas criou corpo para disputar a prefeitura dois anos depois. Contrariando as pesquisas que o colocavam na terceira posição, foi eleito o mais jovem prefeito da história de Blumenau em 2012 e reeleito em 2016. Começou a ocupar espaços no ninho estadual dos tucanos e renunciou à prefeitura em 2018 com discurso de candidato ao Senado – era o seu desejo de momento, embora até mesmo uma candidatura a governador tenha sido especulada.
As costuras políticas, no entanto, levaram o PSDB a fechar aliança com o MDB de Mariani para a disputa majoritária ao governo de Santa Catarina. Tida como favorita no início da campanha, a dupla foi engolida pela onda bolsonarista que colocou o desconhecido bombeiro Carlos Moisés da Silva, do PSL, no segundo turno com Gelson Merisio (PSD). O restante da história já é bem conhecido.
Hoje Napoleão admite que, em última análise, foi responsável por todas as decisões que tomou. Embora diga e repita que não guarda mágoas e que “a vida segue”, a relação com o PSDB se desgastou no pleito de 2018, culminando com seu desembarque do ninho anunciada em uma carta divulgada em fevereiro de 2019. Seis meses depois, encontrou abrigo em um projeto de reconstrução do PSD, mas parece não fazer muita questão de estar na linha de frente:
— A gente tem que saber o momento de estar no protagonismo. E saber quando não é o seu momento. Tem gente que não sabe sair de cena.
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Napoleão por enquanto saiu de cena. Mas não hesitaria voltar no futuro.
Aliás
Com Napoleão impedido de disputar a majoritária, o nome forte do PSD para as eleições municipais deste ano em Blumenau é o empresário Ronaldo Baumgarten Jr., que segundo o ex-prefeito tem carta branca da legenda para definir o próprio destino: pode optar por uma candidatura a prefeito ou, como vem se especulando, formar dobradinha com João Paulo Kleinübing (DEM), na condição de vice.
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