Sem alarde, a Coteminas vem preparando uma profunda mudança no modelo de negócio da fábrica de Blumenau. Embora dura e com amplos reflexos sociais e econômicos, a demissão de 721 funcionários da unidade, oficializada nesta semana, é uma espécie de símbolo da transição. Por trás desse movimento estão as dificuldades enfrentadas pela companhia no mercado têxtil e a parceria anunciada em abril com a Shein, gigante asiática de fast fashion.
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Oficialmente a Coteminas ainda não comenta o assunto. Mas fontes ligadas à empresa consultadas pela coluna revelam que o plano é fazer uma migração da fábrica para a confecção de moda, para atender à demanda da Shein. Hoje o parque fabril no bairro Garcia está montado e adaptado principalmente para a fabricação de artigos têxteis, como toalhas e roupas de cama.
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Internamente, algumas medidas para essa virada de chave já começaram a ser feitas. Mesmo com a eminente mudança de foco, não está descartada a possibilidade de a unidade blumenauense continuar fabricando artigos têxteis no futuro, embora hoje a produção esteja praticamente parada. As perspectivas casam com as reiteradas manifestações, por parte da direção da Coteminas, de que a operação catarinense da empresa não será desativada.
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Um gestor local da Coteminas, também ouvido pela coluna, crava que em breve deve ser confirmado para Blumenau algo semelhante ao que foi feito no Nordeste. No fim de junho, a empresa anunciou que iniciaria a produção de malhas de algodão e peças de vestuário para a Shein na fábrica de Macaíba (RN), com oficinas de costura espalhadas pelo interior do território potiguar. Parcerias semelhantes também devem ser confirmadas em outros estados onde a companhia atua.
A prefeitura de Blumenau está ciente do movimento. O prefeito Mário Hildebrandt (Podemos) tem articulado junto ao governo de Santa Catarina a possibilidade de concessão de incentivos fiscais para a operação da Shein com a Coteminas na cidade. O Estado pediu detalhes do plano de negócios para avaliar que benefícios pode oferecer ao negócio.
Aliás
À coluna, o secretário de Estado de Planejamento, Edgard Usuy, já havia dito acreditar que o investimento da Shein no Rio Grande do Norte não inviabiliza as tratativas com Santa Catarina:
— Ela (a empresa) escolheu o Brasil para abastecer toda a América. Entendo que haverá esse tipo de investimento para mais de um estado.
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A declaração foi dada antes de a Coteminas confirmar as demissões em Blumenau.
Usuy avalia que o modelo de negócio da gigante asiática não comporta a concentração de investimentos em um único lugar. Como a Shein não deve montar fábricas próprias, acrescenta, está em busca de empresas já estabelecidas que tenham aderência à sua proposta.
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