A Schmidt, uma das mais tradicionais e pioneiras indústrias de porcelanas de mesa do Brasil, vai transferir praticamente toda a produção da fábrica de Pomerode para a matriz, em Campo Largo (PR). Funcionários da unidade catarinense foram desligados nesta segunda-feira (25). Segundo o sindicato que representa a categoria, a empresa empregava em torno de 85 pessoas no município.
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Em nota, a Schmidt disse que vai manter apenas um dos setores em operação na planta pomerodense, com aproximadamente 15 colaboradores. A loja de fábrica continuará aberta. De acordo com a empresa, a situação financeira, que já era difícil, ficou ainda mais delicada em função da pandemia da Covid-19, com queda nas vendas de porcelana no Brasil e no exterior. A reestruturação, conforme a companhia, visa garantir a retomada da produção após a pandemia.
A Schmidt foi fundada em 1945 por Erwin Schmidt, formado em engenharia ceramista na Alemanha. Três anos depois, adquiriu a Porcelana Real, promovendo a fusão das duas fábricas. Em 1956, comprou outra empresa do ramo, a Steativa, expandindo a produção para o município de Campo Largo (PR). Ainda nos anos de 1950 exportou pela primeira vez aos Estados Unidos.
Nas décadas seguintes a Schmidt consolidou posição de liderança no setor, sustentada na qualidade e no acabamento refinado da sua linha de produtos. A empresa chegou a deter metade do mercado brasileiro de porcelanas finas de mesa. Praticamente todo mundo que nasceu, cresceu e até hoje vive no Vale lembra de ter, em algum momento da vida, pelo menos uma peça da marca em casa.
No início deste século, no entanto, começaram a surgir as dificuldades financeiras, aceleradas pela concorrência de produtos asiáticos que chegavam ao país. Em 2008, a filial de Mauá (SP) pediu recuperação judicial. Oito anos depois, no dia 24 de maio de 2016, em meio à grave recessão econômica enfrentada pelo Brasil, o grupo fez um novo pedido, desta vez abrangendo todas as suas operações – incluindo as de Pomerode e Campo Largo (PR).
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Problemas se agravaram após crises
Na petição apresentada à época, a companhia alegou que era “notório o quadro de crise política e econômica no qual o Brasil se encontra e os efeitos negativos desse cenário para as empresas cujas atividades têm dependência relevante do mercado interno”. As vendas sofreram queda abrupta.
Àquela altura, a filial de Mauá já havia sido desativada e a Schmidt ainda amargava prejuízos sofridos entre 2005 e 2008, resultados “da invasão no mercado brasileiro da porcelana chinesa”, como dizia a petição. A empresa também tinha altos custos de produção, energia e distribuição e dependia de descontos de títulos por meio de factorings para girar a operação comercial, o que agravava ainda mais o caixa.
O pedido de recuperação judicial foi deferido menos de um mês depois de ser protocolado, no dia 14 de junho de 2016. Na época, a dívida da Schmidt era de R$ 30,8 milhões. Esse número mais que dobrou em cerca de quatro anos, saltando para R$ 71,2 milhões – sendo R$ 15,8 milhões em débitos trabalhistas –, segundo consta em relatório mensal das atividades apresentado em fevereiro pela Credibilitá, empresa responsável pela administração judicial da Schmidt.
A empresa havia encerrado o ano de 2019 com receita operacional bruta R$ 87,6 milhões e cerca de 690 funcionários, 125 deles em Pomerode.
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Confira a nota oficial da empresa sobre a redução das atividades em Pomerode:
A empresa PORCELANA SCHMIDT vem, pelo presente, informar a redução de suas atividades na unidade fabril de Pomerode/SC.
Tradicional no setor de porcelanas, a situação financeira da empresa tornou-se ainda mais delicada em razão da pandemia da Covid-19, na medida em que houve considerável redução nas vendas de porcelana no Brasil e no exterior.
Para manutenção do maior número de postos de trabalho, bem como para garantir a retomada de produção pós pandemia, a empresa decidiu reestruturar-se, dispensando colaboradores de Pomerode e readequando o processo produtivo na unidade fabril de Campo Largo/PR. Apenas um dos setores instalados na empresa em Santa Catarina continuará operando, com aproximadamente 15 colaboradores.
Salienta-se que a loja situada ao lado da fábrica em Pomerode/SC continuará funcionando normalmente, para atendimento aos seus clientes.
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A Diretoria da empresa desde logo agradece a todos os colaboradores catarinenses que, dedicando-se ao processo de produção de porcelana, ajudaram a construir a história da Schmidt.
A Diretoria
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