Um dos principais encontros da indústria cervejeira na América Latina, a feira Brasil Brau, que aconteceu nesta semana em São Paulo, reservou uma situação no mínimo curiosa. Em meio a dezenas de expositores, dois deles estavam “vendendo” o Concurso e o Festival Brasileiro da Cerveja. São dois eventos com o mesmo nome, que acontecerão na mesma data, mas com uma grande diferença: estão marcados para cidades diferentes.

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De um lado, a Associação Blumenauense de Turismo, Eventos e Cultura (Ablutec) se valeu da condição de organizadora das edições dos últimos anos para divulgar as programações de 2025, que acontecerão em Balneário Camboriú. A entidade inclusive chegou a informar nas redes sociais que fechou 92% dos estandes para o ano que vem, com a presença de cervejarias de 15 estados.

Do outro, a Escola Superior de Cerveja e Malte, com contrato recém-anunciado pela prefeitura de Blumenau, representou a posição do município, que reivindica ser o proprietário das marcas e avisou que fará seus próprios eventos no ano que vem.

A rivalidade provoca incertezas no segmento sobre quem é o legítimo dono das programações – e sobretudo qual delas irá prevalecer a partir do ano que vem. Enquanto a Ablutec largou na frente nas ações de promoção, cervejeiros ligados à Associação Blumenau Capital Brasileira da Cerveja e emissários enviados pela prefeitura partiram para o “corpo a corpo” para angariar apoio. Uma das apostas foi vender a credibilidade de uma cidade que já organiza a maior Oktoberfest das Américas e apontar problemas, na visão deles, das últimas edições realizadas na cidade.

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Nos bastidores, há troca de farpas. Às vésperas da Brasil Brau, a Ablutec disparou um comunicado a parceiros em que classifica como “fakes” os eventos anunciados pela prefeitura. A entidade também chamou de “evidente posição de protecionismo”, sem benefícios ao mercado, o plano do município de destinar ao Fundo Municipal de Turismo 10% dos recursos arrecadados com um novo concurso de cervejas. As críticas alimentaram ainda mais o clima de inimizade entre os rivais.

O cabo de guerra sobre a propriedade dos eventos foi parar no tribunal. Decisão liminar publicada nesta sexta-feira (14) – depois, portanto, do fim da Brasil Brau – proibiu a Ablutec de usar as marcas, sob pena de multa. E também determinou que a entidade suspenda publicidades e recolha materiais alusivos em cinco dias, além de, dentro de 15 dias, rescindir contratos que tenham usado os nomes dos eventos registrados por Blumenau.

Foi só a primeira batalha de um guerra judicial que, tudo indica, ainda terá novos desdobramentos.

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