Cercado de expectativas, amplificadas por representar a ruptura de um modelo de gestão que comandou o Brasil nos últimos 16 anos, Jair Bolsonaro assumirá a presidência da República na próxima terça-feira com uma difícil missão: conduzir o país de volta aos trilhos do crescimento sustentável e do desenvolvimento, com a tarefa simultânea de ser implacável contra a corrupção e os desvios de conduta que drenam os recursos públicos, um dos principais motes de sua vitoriosa campanha.
Continua depois da publicidade
Do ponto de vista econômico, só uma verdadeira tragédia impediria o país de crescer em 2019. Bolsonaro e a equipe do superministro Paulo Guedes encontrarão condições conjunturais favoráveis para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) no próximo ano. A inflação e a taxa de juros estão em níveis baixos, o desemprego está desacelerando aos poucos e ainda há, via de regra, significativo espaço ocioso no parque fabril nacional, que permite uma retomada mais imediata sem a necessidade de grandes investimentos.
Vale lembrar ainda que a recessão, agravada em 2015 e 2016, também diminuiu as bases de comparação. Muitos indicadores despencaram tanto desde então que, na frieza dos números, a menor recuperação se traduz em estatística positiva quando se olha para os anos anteriores.
Existe uma engrenagem que não é 100% autônoma, mas que depende menos da interferência do Palácio do Planalto para rodar do que muitos podem imaginar. Caberá ao próximo governo ditar o ritmo com que essa roda vai girar.
Caso as reformas tributária e da Previdência passem logo no primeiro ano de mandato, como deseja a próxima equipe econômica, a velocidade tende a ser maior porque as mudanças sinalizariam um país preocupado em ajustar as contas públicas e em promover um ambiente de negócios mais desburocratizado e competitivo, o que é visto com bons olhos por investidores, sejam eles nacionais ou estrangeiros.
Continua depois da publicidade
Lembremos que o Brasil deu mostras de resiliência em um ano em que muitos fatores jogaram contra: greve dos caminhoneiros, Copa do Mundo, eleições acirradas e virulentas e uma série de atritos e divergências entre os poderes representativos são apenas alguns exemplos. Mesmo assim, as projeções mais recentes do mercado financeiro apontam incremento de 1,3% na economia brasileira em 2018. Ainda é um “pibinho”, mas, a se confirmar, já terá sido melhor do que em 2017 (1%).
Para 2019, estima-se expansão na casa dos 2,5%. É um cenário, hoje, completamente plausível. É preciso, claro, ser otimista, mas a história recente nos ensina que a euforia pode ser uma armadilha e que não é prudente ignorar que a imprevisibilidade costuma ser um elemento marcante na vida política brasileira.