O pedido de recuperação judicial expôs o tamanho do rombo da Coteminas, uma das principais indústrias têxteis do Brasil, com fábrica em Blumenau. Ao recorrer à Justiça para pedir proteção contra credores, a companhia se viu “forçada” a abrir dados da operação até então ignorados. O último balanço operacional oficial divulgado pela empresa é referente ao primeiro trimestre de 2023. Os números até então conhecidos, portanto, estavam defasados.

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Além de informar uma dívida de R$ 2 bilhões, a Coteminas revela na petição inicial protocolada na 2ª Vara Empresarial de Belo Horizonte, onde corre o processo de recuperação judicial, que viu o faturamento bruto despencar de R$ 3 bilhões, em 2021, para cerca R$ 1 bilhão em 2023. A Ammo, braço varejista da companhia que está no centro de uma disputa por ações com um fundo de investimento, representou 40% desse montante.

Em crise, Coteminas pede recuperação judicial

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O prejuízo acumulado no último foi de R$ 759 milhões. Em 2022, o resultado já havia sido negativo em R$ 466 milhões. A crise financeira desencadeou “centenas” de execuções e cobranças cujos valores, somados, superam a quantia de R$ 200 milhões. Segundo a Coteminas, os exequentes “têm insistentemente requerido o deferimento de medidas constritivas e a interrupção no fornecimento de bens e serviços”.

No documento, a companhia alega que tem buscado credores com o intuito de alongar ou repactuar dívidas, mas que “a cada dia que passa se vê em posição de maior vulnerabilidade”. A Coteminas diz estar sendo pressionada a aceitar juros e condições de alongamento “complemente abusivos e desproporcionais” que poderiam inviabilizar completamente suas atividades.

“Por meio do presente pedido de recuperação judicial, as requerentes pretendem estabelecer um ambiente equilibrado para renegociação das dívidas do grupo com seus credores, garantindo, assim, a preservação de suas atividades e, por conseguinte, a manutenção dos postos de trabalho, da produção de bens, da geração de riquezas e de sua função social”, defende o escritório que representa a Coteminas no caso na petição inicial.

Outra estatística revela uma das facetas mais tristes da crise: a Coteminas chegou a ter 11,7 mil funcionários, mas atualmente diz gerar somente cinco mil empregos diretos. Em outubro do ano passado, a coluna revelou que a onda de demissões não atingiu apenas Blumenau, onde mais de 700 pessoas ganharam a conta em 2023. Ao todo, cerca de 1,7 mil colaboradores haviam sido desligados desde julho. Os cortes incluíram também as fábricas de Montes Claros (MG), sede da companhia, e João Pessoa (PB).

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