Ao colocar um ponto final, no início de 2016, a um contrato marcado por problemas financeiros das empresas concessionárias e greves frequentes de trabalhadores, motivadas por atraso no pagamento de salários, a prefeitura de Blumenau abriu margem para uma reformulação no sistema de transporte coletivo da cidade. A dissolvência do antigo Consórcio Siga soava como um alerta da necessidade de se repensar a mobilidade urbana e de se oferecer um serviço atrativo a um usuário cada vez mais distante dos ônibus.

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Blumenau, no entanto, recuou da ideia de uma transição mais radical de modelo e, mesmo após consulta popular, optou por uma saída conservadora – explicada, talvez, pelo trauma vivido com o rompimento do contrato anterior. Ônibus novos e com wi-fi e tomadas para carregar dispositivos com entrada USB foram, para os usuários, as poucas novidades na largada da nova concessão, em julho de 2017.

Era pouco para recuperar o prestígio do transporte coletivo, mas a estabilidade do serviço, com o fim das paralisações relâmpago, jogava a favor. Em 2018, primeiro ano cheio de operação da Blumob, o sistema computou 25,54 milhões de passagens, segundo dados do Seterb. No ano seguinte, foram 25,57 milhões. 

A alta foi tímida, mas revertia uma sequência de queda do número de usuários. A pandemia do novo coronavírus, no entanto, voltou a colocar o transporte coletivo em xeque – desta vez por um fator completamente alheio à capacidade financeira da concessionária e que não atinge apenas Blumenau. Com o serviço paralisado, a Blumob cobra do poder público um prejuízo mensal de R$ 6 milhões.

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Dentro da prefeitura, já se considera a hipótese de que a operação, mesmo quando estiver funcionando novamente a plena capacidade, terá uma queda de pelo menos 20% da demanda, motivada por fatores como perda de confiança, crescimento do home office e difusão ainda maior de aplicativos de mobilidade. 

As tentativas de demissões de centenas de funcionários da Blumob – revertidas pela Justiça – e a autorização dada nesta semana pela Agir, a agência que fiscaliza o contrato, para que a empresa reduza o tamanho da frota, com a retirada de 15 ônibus, são um prenúncio de um sistema menor no futuro.

O contrato de concessão prevê uma revisão das condições da operação a cada três anos. Esse trabalho já começou a ser feito, mas as incertezas relacionadas à pandemia e ao retorno da circulação dos ônibus torna tudo imprevisível e extremamente desafiador.

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