Para gerar empregos e reverter os prejuízos econômicos provocados pela pandemia do novo coronavírus, é preciso facilitar a vida de quem empreende, desburocratizando processos, e apoiar micro e pequenos empreendedores.
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Na quarta reportagem da série de entrevistas do Santa com os candidatos a prefeito de Blumenau nas Eleições 2020 o tema foi economia. Os 12 aspirantes ao cargo máximo da cidade foram questionados sobre como ajudar a fomentar a criação de postos de trabalho e atrair novos negócios para a cidade.
As perguntas feitas foram as seguintes:
1) Blumenau perdeu 8 mil empregos formais, com carteira assinada, entre março e maio. Recuperar essas vagas, a maioria da iniciativa privada, é um dos desafios da economia da cidade. Considerando que a arrecadação está sofrendo com a pandemia, que o dinheiro em caixa está contado e que muitas das contratações dependem de uma conjuntura econômica por vezes nacional, como a prefeitura pode ajudar a estimular a reposição dessas vagas?
2) Blumenau vem passando, nos últimos anos, por uma transformação econômica. O setor de serviços vem crescendo e a indústria, apesar de ainda ser muito relevante, diminuindo, com muitas fábricas deixando a cidade. Que visão de matriz econômica o sr(a) tem para Blumenau? Como atrair novos negócios, impedir que os que estão aqui saiam e melhorar a competitividade da economia local?
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Confira o que eles disseram a respeito dos questionamentos e as propostas de cada um. As respostas estão em ordem alfabética do nome dos candidatos.
Ana Paula Lima (PT)
1) Apesar de perder oito mil postos de trabalho, nesse período da pandemia foram abertos 1,3 mil cadastros de microempreendedor individual. Como a população de Blumenau é empreendedora, ela está se superando e fazendo seu próprio negócio. No que a prefeitura pode ajudar: criando linhas de crédito mais baratas para contribuir com esses micros e pequenos empresários, para enfrentar essa crise que está acontecendo agora e que com certeza no ano que vem vai ser maior. Então isso vai ajudar a manter os negócios abertos e também garantir emprego e renda para milhares de blumenauenses.
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2) Eu acredito que a prefeitura está com muita burocracia para atrair novas empresas e também para garantir que as que temos na cidade não saiam. A gente tem que ter um plano municipal de desenvolvimento econômico, tem que se atualizar, tem que colocá-lo efetivamente para funcionar. Observamos que algumas empresas saíram por falta de diálogo e de incentivos. Outros municípios estão fazendo ofertas que atraem. Tem empresa em Blumenau que está levando até 16 meses para conseguir alvará, isso é um absurdo. A prefeitura tem que modernizar os serviços, ter protocolos definidos e ser parceira das empresas.
Débora Arenhart (Cidadania)
1) É um plano muito sério que nós temos. Na autorização de micro e pequenos empreendedores para se instalarem, temos que fazer em até 48 horas. Recebi relatos de micro e pequenos empresários que estão esperando há três meses essa autorização. Se o município já tem o Plano Diretor que naquela região do município pode funcionar tal, tal e tal linha de empreendimento, por que demora para autorizar? Os funcionários públicos do município são de carreira, pessoas competentíssimas, eu tive a oportunidade de conhecê-los ao longo da minha vida, e sei que, se eles estivessem bem posicionados, a coisa funcionaria em 48 horas, e vai funcionar.
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2) Um empresário me disse: “estávamos tentando abrir um condomínio aqui, para criar uma economia de aglomeração, mas desistimos e fomos para Gaspar, porque lá tivemos as autorizações em dois ou três dias”. Por que Blumenau tem sempre que complicar? Blumenau tem fama de ser a cidade que complica para o empreendedor. Vejo, com certa alegria, a maneira como os empresários de Balneário estão fazendo. Já está pronta aquela roda gigante fantástica. Será que uma coisa linda daquela não vai trazer turismo? Blumenau é pujante na questão digital, vamos fomentar. Só falta um olhar carinhoso para os bairros, descentralizar, fazer os bairros crescerem.
Geórgia Faust (PSOL)
1) O déficit em relação à arrecadação da prefeitura é verdadeiro, os números comprovam, mas o poder público acaba sofrendo com a má administração. A prefeitura dá inúmeras isenções fiscais para diversas empresas que não precisariam. Queremos fazer a “limpeza da casa”, reorganizar as finanças, porque muito dinheiro está sendo direcionado para caminhos que nós acreditamos não serem os melhores para a cidade. São caminhos para quem já tem dinheiro, e que não beneficiam a população. Investiremos bastante no microempreendedorismo, nas cooperativas, ajudando os pequenos empresários porque eles geram muitos empregos, quiçá mais que as grandes empresas.
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2) O setor de serviços tem crescido, o setor de turismo também tem crescido e nós buscamos fortalecer o poder do cidadão tanto nas micro e pequenas empresas quanto nas cooperativas e nas redes de apoio para que eles possam se manter, se sustentar e também crescer, de modo que haja essa distribuição de renda entre a população, fortalecendo a economia de maneira geral.
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Ivan Naatz (PL)
1) Hoje a estrutura da prefeitura está voltada apenas a abrir o CNPJ. Mas a partir do momento que faz essa abertura até a pessoa chegar em casa, a burocracia e o peso do governo estão na porta das pessoas. Então ao mesmo tempo que temos estrutura para abrir empresas, temos outra triplamente maior para complicar. O que temos de fazer: ser parceiro do pequeno e médio empreendedor, do empreendedor individual, e carregar esse povo pelo braço, dar estrutura para que ele possa tocar o negócio. Hoje o sujeito não consegue vender uma bolacha porque o Estado massacra com a burocracia.
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2) Blumenau perdeu a vocação de grandes empresas. Agora temos de fortalecer o desenvolvimento tecnológico, criação da indústria limpa, fortalecer a prestação de serviços. Sempre tínhamos o desejo de atrair novas empresas, mas hoje vivemos a situação de impedir que elas saiam. E esse vai ser o desafio do próximo prefeito. Criar estruturas, ações, incentivos, tanto para os pequenos negócios, quanto para as empresas das áreas de tecnologia. Por isso eu acredito muito no potencial que envolve micro e pequenos negócios.
Jairo Santos (PRTB)
1) Hoje Blumenau tem mais de 20 mil desempregados, esses 8 mil são só os empregos formais. Temos que primeiro dar o exemplo. É um compromisso de campanha: vamos cortar 10 secretarias e 120 cargos comissionadas, entre diretores e gerentes. Isso vai dar uma economia de R$ 35 milhões apenas de folha de pagamento. Com parte desse recurso, e parte dos R$ 200 milhões que o município arrecada, aproximadamente, com ISS, vamos incentivar o empreendedor, o pequeno e médio, aquele que gera emprego e faz com que os recursos continuem no município. Fazendo a roda da economia de Blumenau girar, certamente vamos gerar vagas de emprego.
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2) Perdemos a Rovitex por uma situação que tinha a ver com a Faema. A legislação ambiental está aí, mas temos que buscar junto ao empreendedor uma situação para que ele permaneça no município. Uma forma é através de incentivo fiscal. E outra, o empresário não vai precisar me procurar na prefeitura. Eu vou ao encontro dele. Muitas vezes é uma questão apenas de diálogo, mas o empresário não consegue acessar a prefeitura porque tem toda aquela estrutura burocrática. Nós acabamos até fomentando sonegação, porque o município complica, fazendo com que muita gente trabalhe na informalidade. Não podemos perder nenhuma empresa para nenhum outro município.
João Natel (PDT)
1) O pessoal tem reclamado muito da grande burocracia do poder público na liberação de alvarás e de certificações. 76% dos empregos de Blumenau são gerados por empreendedores individuais, por micro, pequenas e médias empresas. O primeiro passo é desburocratizar. Incentivar as indústrias para que fiquem e para que novas venham. Outra ideia é a criação de uma espécie de feira de moda em Blumenau para que marcas da região possam expor e comercializar produtos. Tem também a questão do distrito de inovação, que seria uma região com isenções (de impostos) para captação de startups. Entre outras ideias.
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2) Para melhorar a produtividade a gente coloca muito a questão dos novos arranjos produtivos, como já citei. Falhamos um pouco na proficiência de línguas, mas nós temos um atrativo, que é o capital humano. Estamos perdendo indústrias para outras cidades por questões burocráticas. Uma outra coisa é que muitas empresas tradicionais deixaram a cidade em busca de mão de obra barata e é muito difícil reverter isso, mas o mais interessante para Blumenau é você agregar valor ao que tem aqui. É preciso orientar esse capital humano nas universidades, permitir a verticalização da indústria têxtil.
João Paulo Kleinübing (DEM)
1) Primeiro, simplificação e desburocratização. Tenho visitado várias empresas e há uma reclamação muito grande da dificuldade que se tem para empreender em Blumenau. Segundo, investir em formação, tanto na questão da educação, no fortalecimento do programa Adolescente Aprendiz. Quando a gente estava na prefeitura, a Pró-Família chegou a ter 1,4 mil vagas no Adolescente Aprendiz, e hoje deve ter em torno de 200. Então, retomar esse programa com muito mais força e investir em programas de formação. O Entra 21, que começou em 2006, é um grande exemplo disso.
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2) Muitas empresas industriais deixaram Blumenau por conta do processo burocrático e complexo de se ampliar atividades industriais e de iniciar novas empresas. Temos que trabalhar a simplificação e a desburocratização. A prefeitura tem que ser proativa na busca por empresas, inclusive vendendo a imagem da cidade para o setor de TI. Blumenau é um polo neste setor, tem enormes empresas que fazem um serviço de qualidade, mas não consegue se apresentar como tal. É preciso rediscutir a questão do turismo na cidade, a última grande ação foi a criação do Parque Vila Germânica, em 2006. De lá para cá não houve nenhum novo atrativo. Estamos perdendo espaço.
Mario Hildebrandt (Podemos)
1) Na realidade nós já estamos fazendo. Primeiro quando definimos o plano de retomada, que já tem resultados. O déficit anual neste momento é de 2.167 empregos. A gente assinou um decreto para estimular aqueles que ficaram desempregados a montar a sua própria empresa. Desde a assinatura, 290 novos MEIs (microempreendedores individuais) surgiram em Blumenau. Tem as novas vagas em grandes supermercados… Estamos criando empregos para todas os padrões e todos os níveis de instrução. Não dá para criar emprego só na área de tecnologia, nem só na base. Temos uma série de ações acontecendo.
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2) A primeira questão é: muitas empresas (que deixaram Blumenau)? Eu conheço duas. E uma anunciou que ia sair em 2008, porque a cidade cresceu ao redor dela. Hoje em Blumenau a questão de espaço para implementação de empresas grandes é um dos desafios. Então a matriz de fato vai migrar para o setor de serviços, saindo do recolhimento de ICMS para a vinda do ISS para a cidade. Para qualquer empresa que queira se instalar aqui trabalhamos na manutenção e geração dos incentivos econômicos, como apoio com IPTU e redução de ISS. Nossa mão de obra e educação são diferenciais e também acabam impactando.
Mario Kato (PC do B)
1) Precisamos incentivar as empresas já estabelecidas aqui, então precisamos fazer uma ampla discussão com elas. Muitos dos países e municípios do exterior resolveram isso com a prefeitura abrindo mão da cobrança de impostos. Entendemos também que é necessário incluir os desempregados que estão em situação precária de renda dentro do mercado de consumo e trabalho porque se eles não tiverem renda, eles não consomem e isso paralisa e economia da cidade. Queremos criar cooperativas de trabalho, para serviços gerais, costureiras e agricultura familiar. Comprando da agricultura familiar ativamos a economia de baixo para cima e de cima para baixo.
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2) É papel da prefeitura dar estrutura como incubadora. Esse polo de inovação em parceria com a Furb é o que vai redirecionar essa nova economia de Blumenau. Para as indústrias já estabelecidas, temos que planejar e ver quais as necessidades delas, porque um dos gargalos de Blumenau é uma infraestrutura que não dá conta. Na questão logística e transporte com uma BR-470 ainda não duplicada e uma BR-101, que ainda tem dificuldade. Blumenau tem que trabalhar para ofertar uma infraestrutura adequada para indústrias e remodelar o distrito industrial que organiza esse tipo de produção, para que então possamos reordenar o setor que já está estabelecido.
Odair Tramontin (Novo)
1) Poder público não gera emprego. A função não é nossa. Nossa função é criar um ambiente adequado de negócios, fazendo com que ele seja melhor, mais atrativo para grandes, médias e pequenas empresas, facilitando a abertura de empresas e sendo parceiro naquilo que é possível. Temos de mudar a forma de tratar o empreendedor, que hoje é castigado por uma burocracia que afasta o investidor. O Brasil, como um todo, é um dos piores ambientes para se fazer negócio. SC é diferente, mas Blumenau tem se revelado criadora de entraves. Empresas não vêm para cá porque nosso ambiente não favorece o empreendedor. Quem cria emprego é a inciativa privada.
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2) A solução para manter empresas e atrair novas, repito, é criar um bom ambiente de negócios. O que é isso: é não atrapalhar. Vamos atuar fortemente para auxiliar e atrapalhar menos as pequenas e médias empresas. As grandes têm estrutura para enfrentar burocracia. As pequenas, não. Temos que fazer fiscalizações que sejam construtivas, de orientação, e não de punição, como infelizmente a gente ouve relatos. Quanto à matriz econômica, queremos criar um ecossistema de tecnologia de ponta, para recuperar o protagonismo nesse segmento, usando o Centro de Inovação para dar esse salto.
Ricardo Alba (PSL)
1) O município precisa olhar para o empreendedor como um amigo, alguém que promove o desenvolvimento. A gente vê um êxodo empresarial para cidades vizinhas justamente porque há uma burocracia exagerada. Precisamos destravar a administração pública, digitalizar e padronizar processos. E apoiar o micro, pequeno e médio empreendedores, que são maioria e mais empregam, fazer com que essas empresas fiquem na cidade, inclusive as grandes. O grande empresário não encontra grandes terrenos ou um distrito industrial com possibilidade de fazer galpões e escoar a produção, e procura os municípios vizinhos que criaram essa condição de infraestrutura.
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2) São várias as matrizes. Precisamos criar condições para que as grandes empresas, que geram emprego e arrecadação, permaneçam na cidade. Blumenau precisa de um distrito industrial próximo à BR-470. Temos 19 mil microempreendedores e tantos outros na informalidade porque o poder público não concede alvará sanitário. Pomerode vem dando uma aula de turismo em Blumenau porque lá o poder público, em parceria com a iniciativa privada, está fomentando o desenvolvimento turístico. Temos inúmeros potenciais, o turismo germânico que pode ser explorado com a Vila Itoupava, com rota de cervejarias, o turismo de eventos. A própria Vila Germânica está sendo subutilizada.
Wanderlei Laureth (Avante)
1) Nosso papel quanto a empregos é evitar que empresas saiam da cidade. Hoje é o contrário. Souza Cruz, Altona… A pandemia veio para agravar essa situação. Temos que criar, agora, possibilidades para que esses empresários saiam das dificuldades. Temos que oferecer linhas de crédito com longo período para pagar, desde que o empresário assuma o compromisso de não demitir. Assim ele conseguirá crescer. Nossa proposta é investir nos micro e pequenos empresários, porque assim você investe em pessoas de Blumenau e eles contratam pessoas que são daqui.
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2) Temos que sentar com as empresas que estão saindo e entender os porquês. Se é por falta de incentivo fiscal, se é por questão de mobilidade, por falta de mão de obra… Temos que dizer a esses empresários que não queremos que eles saiam, montar um plano de logística, porque não podemos mais perdê-los. Faremos muitas reuniões com esses grupos para resolver isso e deixar os empregos dentro da cidade.
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*Colaboraram: Augusto Ittner, Bianca Bertoli, Brenda Bittencourt e Evandro de Assis
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