Promessas de obras supostamente sem garantias financeiras para serem executadas vêm provocando desconforto dentro da Casan, responsável pelos serviços de abastecimento de água e saneamento em quase 200 cidades de Santa Catarina. A cúpula da empresa, cujo principal acionista é o governo do Estado, demonstra preocupação com a situação do caixa diante de compromissos assumidos com prefeituras.

Continua depois da publicidade

Receba notícias de Blumenau e região por WhatsApp

Em pelo menos dois momentos houve manifestações de incômodo com o cenário. A primeira delas foi pública. Durante um evento em Tubarão, no dia 26 de maio, o diretor-presidente da Casan, Laudelino Bastos, revelou que a companhia estava diante de um “nó financeiro”. O executivo se referiu a um planejamento feito pelo governo anterior, que não teria considerado a capacidade de investimento da empresa.

“Foi aplicado aqui na Casan uma espécie de PIX hídrico”, comparou Bastos em alusão ao Plano 1000 da gestão Carlos Moisés (Republicanos), que previa repasses às prefeituras para obras de infraestrutura.

Bastos também disse ter ficado surpreso com a velocidade do planejamento hídrico, segundo ele feito sem previsão orçamentária. As declarações foram reproduzidas em um texto publicado no site da própria Casan.

Continua depois da publicidade

Quatro dias depois, em 30 de maio, o assunto voltou à tona em uma reunião interna do Conselho de Administração da companhia. Conforme a ata do encontro, à qual esta coluna teve acesso, um dos conselheiros chamou de “prática de autoflagelo público” a exposição da situação.

“Não se compreende como nossa companhia, que enfrenta um momento crucial de busca por alavancagem menos onerosa, abra ao mercado uma informação de aparência falimentar, de ‘terra arrasada’, sem que tenha internalizado uma conclusão nesse sentido ao conselho”, relatou o membro do colegiado.

Outro trecho da ata revela uma situação complexa, em que o caixa da Casan estaria comprometido em mais de R$ 750 milhões em função de obras contratadas na gestão anterior. O documento cita ainda que os trabalhos em execução vêm agravando o déficit da empresa e comprometendo o pagamento aos fornecedores.

Sobre a exposição da situação, membros da diretoria afirmam que foram orientados pelo governo do Estado a dar total transparência aos prefeitos durante encontros regionais, como o que ocorreu em Tubarão, e informar quais são os investimentos possíveis de serem realizados.

Continua depois da publicidade

A Casan já anunciou que vai contratar uma auditoria para verificar as atuais condições financeiras da empresa. Enquanto isso, busca alternativas para as obras e para alongar prazos de entregas. Um novo plano de investimentos, apontando fontes de custeio, também está sendo elaborado.

O que diz a Casan

Procurada para comentar o assunto, a Casan informou que o processo de contratação da auditoria para apontar a situação financeira está em curso. A empresa diz que assim que o diagnóstico, cujo prazo de realização é de 90 dias, for entregue, o parecer será encaminhado ao Tribunal de Contas do Estado (TCE). E garante que não há risco de paralisação de investimentos.

“A companhia está, no momento, realinhando prioridades, de acordo com seu fluxo de caixa, e conversando com os prefeitos sobre as obras de saneamento prometidas na gestão anterior. Aliás, o evento Santa Catarina Levada a Sério + Perto de Você tem sido uma excelente oportunidade para o governador Jorginho Mello (PL) e o diretor-presidente da Casan, Laudelino Bastos, ouvirem diretamente as reivindicações dos municípios”, acrescenta a nota da empresa.

Investimentos

A Casan também enviou à coluna um cronograma de entregas previstas para o segundo semestre deste ano, que de acordo com a empresa independem da questão financeira herdada da gestão passada.  

Continua depois da publicidade

A lista inclui inaugurações de estações de tratamento de esgoto em Balneário Barra do Sul, Rio do Sul, Florianópolis e Xanxerê, beneficiando mais de 120 mil pessoas nessas cidades. A companhia também planeja concluir em setembro o sistema de esgotamento sanitário em Ipira e Piratuba, ampliando a cobertura nos dois municípios para mais de 48%.

Leia também

Entidades empresariais de Blumenau são “esquecidas” nos anúncios da BR-470

Fatores de sucesso e desafios de SC são destaques em reportagem nacional

Oktoberfest Blumenau abre exceção para incluir patrocínio da Havan

Locomotiva Macuca já tem data para voltar a ser exposta em Blumenau

Receba notícias e análises do colunista Pedro Machado pelo WhatsApp