Morreu na praia a tentativa de implantação de um novo e moderno complexo hospitalar em Blumenau a partir da estrutura inacabada que a Unimed começou a erguer no bairro Vila Nova, parada desde 2016. Depois de acertaram as bases do negócio, a cooperativa e a Associação Congregação Santa Catarina (ACSC) decidiram encerrar as conversas, que ocorriam há pelo menos 18 meses.

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O desfecho das tratativas foi informado em um comunicado interno liberado aos cooperados nesta quinta-feira (29), ao qual a coluna, que antecipou o assunto com exclusividade em agosto do ano passado, teve acesso (leia a íntegra abaixo).

Os dois conselhos de administração já haviam dado aval à proposta, chancelada por cooperados da Unimed Blumenau em assembleia geral em outubro do ano passado. As equipes jurídicas das partes, no entanto, não chegaram a um acordo em pontos do contrato considerados críticos. Questões de viabilidade financeira teriam pesado, segundo o comunicado enviado aos cooperados pelo conselho de administração da Unimed Blumenau.

Veja imagens do projeto

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Pelo acordo que vinha sendo costurado, a ACSC, mantenedora do Hospital Santa Isabel, entraria com um investimento milionário – estimado inicialmente entre R$ 250 milhões e R$ 280 milhões – para finalizar a torre que a Unimed Blumenau já tinha começado a construir no bairro Vila Nova e erguer um segundo prédio ao lado. Em contrapartida, a cooperativa redirecionaria consultas, exames e procedimentos médicos de seus clientes para a nova unidade. A parceria entre as partes seria de 30 anos, renováveis por mais 30.

Finalizada, a estrutura formaria um complexo hospitalar de alto padrão, com mais de 20 mil metros quadrados, 226 leitos e 17 salas cirúrgicas. As partes tinham a intenção de começar as obras ainda em 2024. Detalhes do projeto, batizado de “Bavária”, chegaram a ser apresentados em uma reunião da Associação Empresarial de Blumenau em agosto do ano passado.

No comunicado, a Unimed Blumenau diz que a viabilidade do projeto representaria “uma significativa redução” do custo assistencial. A cooperativa também admitiu que negócios desta magnitude “são realmente complexos e podem eventualmente não prosperar”. E acrescentou que, apesar do Projeto Bavária não ter vingado, ele “confirmou a necessidade e firme disposição da Unimed Blumenau em garantir a sustentabilidade da cooperativa e melhorar a estrutura hospitalar” da região.

“Profundamente frustrados”

O diretor-executivo da Unimed Blumenau, Vítor Hellmann, confirmou à coluna que pontos considerados sensíveis no projeto não se encaixaram na formatação da proposta desenhada inicialmente.

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— Eram alguns pontos bons para a Unimed, e outros que eram importantes para a congregação. Acabamos não tendo acerto ou acordo na redação final desses pontos contratuais — alega.

Hellmann diz lamentar a decisão por acreditar que o projeto de uma nova estrutura hospitalar, com características de grandes centros, seria benéfica para a comunidade de Blumenau e região:

— Isso nos deixa profundamente, não diria o termo magoados, mas frustrados por não ter saído do papel.

Apesar do desfecho ter sido diferente do imaginado, o executivo diz que a Unimed seguirá atenta a possíveis parcerias e propostas para finalizar a estrutura do bairro Vila Nova. O assunto deve ser novamente discutido internamente nos próximos meses. Não está descartada a possibilidade de a própria cooperativa dar sequência ao projeto por conta própria.

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Confira o comunicado na íntegra

Caro cooperado,

Como é do seu conhecimento, discutimos intensamente nos últimos meses a proposta de uma
parceria para implementação de um novo e moderno complexo hospitalar em Blumenau. A
iniciativa contemplaria o investimento efetuado pelo parceiro, ampliação e ativação da nossa
estrutura hospitalar no bairro Vila Nova que está parada desde 2016 e, como desfecho, teríamos
uma significativa redução do nosso custo assistencial.

A AGE do dia 09 de outubro do ano passado nos permitiu avançar no projeto. A partir de então nos
dedicamos à construção dos documentos jurídicos necessários e que seriam posteriormente
assinados.

Ocorre que, nesta construção, as equipes jurídicas não chegaram a um consenso em alguns pontos
sensíveis nos contratos, abaixo relacionados:

  • Exigência da garantia dos recebíveis da cooperativa para assegurar os empréstimos tomados
    pelo parceiro;
  • Insegurança quanto à possibilidade do parceiro adotar tabelas com outros convênios em
    valores inferiores àqueles praticados com a Unimed;
  • Abertura de precedentes contratuais nos quais terceiros, não cooperados, pudessem
    trabalhar nessa estrutura em condições de igualdade com os cooperados;
  • Redação contratual não aceita de computar, na receita mínima do negócio, a eventual
    evasão de beneficiários da Unimed Blumenau para outros planos de saúde. Estes não foram
    incluídos no contrato, deixando o assunto para negociação futura entre as partes – o que
    poderia dar margem a disputas judiciais;
  • Inclusão não aceita de mecanismos de proteção de eventuais liminares judiciais contra a
    Cooperativa, impedindo o encaminhamento de atendimentos hospitalares e,
    consequentemente, impossibilitando a Unimed Blumenau atingir a garantia da receita
    mínima mensal.

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Estes desalinhamentos foram detalhados ao Conselho de Administração nos meses de janeiro e
fevereiro deste ano e, em que pese os esforços das partes em alinhar os interesses, entendeu-se
que já não era mais viável avançar. Sendo assim, protegendo a Unimed Blumenau e seus cooperados
e respeitando o que foi deliberado em Assembleia Geral Extraordinária, decidiu-se encerrar as
negociações do Projeto Bavária entre Unimed Blumenau e Associação Congregação Santa
Catarina (ACSC).

Entendemos que negócios desta magnitude são realmente complexos e podem eventualmente não
prosperar. Mas o Projeto Bavária confirmou a necessidade e firme disposição da Unimed Blumenau
em garantir a sustentabilidade da Cooperativa e melhorar a estrutura hospitalar de Blumenau e
região.

Como informado exaustivamente aos cooperados, o mercado de saúde suplementar e plataformas
hospitalares de nossa cidade estão em contínua e profunda transformação. Isso nos dá a certeza que o mercado não será mais o mesmo, sendo necessário seguirmos atentos às oportunidades que possam
preservar a sustentabilidade do nosso negócio, melhorar a remuneração médica e garantir um
atendimento de qualidade aos nossos usuários.

Atenciosamente,
Conselho de Administração

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