Com 122 anos, a Associação Empresarial de Blumenau (Acib) oficializou um momento histórico nesta segunda-feira (24): elegeu pela primeira vez uma mulher para comandar a mais antiga entidade representativa de Santa Catarina.

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A ascensão de Christiane Buerger, que lidera a empresa Ártico Indústria de Refrigeração, ao cargo acabou sendo antecipada pela desistência do antecessor, Renato Medeiros, de exercer novo mandato. Mesmo assim, ela diz que não foi surpreendida pela decisão e revela que esse já era um acordo costurado entre os dois.

Christiane terá como vice Osnildo Maçaneiro, presidente-executivo da Cooper, que agregará à gestão uma visão varejista – e, de quebra, com um olhar do modelo cooperativista.

Na breve entrevista abaixo, concedida à coluna horas antes do resultado final da eleição desta segunda, que teve chapa única de consenso, Christiane diz que pretende dar continuidade à linha de gestão da entidade, com ênfase na cobrança pela infraestrutura e ações de capacitação profissional. Ela também defende maior engajamento do empresário na articulação política para atendimento das demandas da região.

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O que muda na Acib com a nova gestão?

A gente está bem focado nas principais bandeiras da associação. A principal delas é em relação à infraestrutura, mas também educação e capacitação. É basicamente isso, uma continuidade do que já vem sendo realizado.

Blumenau tem demandas históricas na infraestrutura, como a BR-470 e o prolongamento da Via Expressa. Temos visto essas demandas patinarem ao longo dos últimos anos. Como a Acib pode atuar para agilizar?

Vamos trabalhar com uma cobrança forte junto ao poder público. Já tivemos uma reunião no mês passado com deputados estaduais e federais. Temos que estar ao lado deles permanentemente para buscar esses recursos e concluir principalmente a BR-470, que não nos torna competitivos em relação a outras cidades. Não podemos esquecer da manutenção das nossas barragens, que são muito importantes, e de começarmos, sim, uma negociação com os índios de José Boiteux.

A educação é uma bandeira da atual gestão. Existe uma carência muito grande de mão de obra especializada em diversos setores da indústria, do varejo e dos serviços. Como líder com esse apagão?

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Isso vem sendo também uma reivindicação forte dos empresários não só da nossa região. Temos que apoiar os projetos que já estão em andamento, são vários. E penso em fazer parcerias com Senai e Senac para podermos resolver a questão da capacitação e estimular o jovem para que ele termine o ensino médio. Tivemos um pós-Covid com uma evasão (escolar) de 30% de jovens. Isso não é nada bom para as nossas empresas e para o desenvolvimento da sociedade de um modo geral.

A Acib, pelo estatuto, é uma entidade apartidária, mas precisa se relacionar e lidar com autoridades políticas. Como se aproximar das bancadas na Assembleia Legislativa e em Brasília para acelerar o atendimento das demandas?

Nas eleições do ano passado, a Acib já fez um importante trabalho. Chamamos os candidatos na associação, conversamos com todos, passamos as nossas principais bandeiras e os ouvimos. Já fizemos uma reunião no mês passado cobrando, e estando mais envolvidos e próximos a eles para que a gente possa, em conjunto, resolver todas essas demandas. Esse é o foco daqui para frente.

Falta ao empresário de Blumenau mais gosto pela articulação política?

Muitas vezes eu penso que deveria existir, sim, mais engajamento do empresário. Mas fica o convite aos associados também, que venham e participem dessas reuniões, que são abertas, onde estão os nossos representantes políticos. Como diz o nosso lema aqui na Acib, juntos somos mais fortes.

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É a primeira vez em mais de 100 anos que a Acib vai ser comandada por uma mulher. O que isso representa?

Eu penso que foi um processo muito orgânico. Eu já vinha participando da diretoria da associação. Para mim é uma honra participar desse momento histórico como presidente da associação, que tem 122 anos e que é a primeira do estado de Santa Catarina.

Essa gestão também traz um equilíbrio na chapa entre um representante da indústria e um do varejo, que ainda traz o modelo cooperativista junto. De que maneira isso pode fortalecer a atuação da entidade?

Esse olhar diferente, essa diversidade de segmentos, de empresa, indústria e varejo, e na diretoria também temos prestadores de serviços, isso só enriquece ainda mais a associação e as nossas ações, porque todos trazemos as nossas experiências do dia a dia. Isso com certeza torna a associação mais rica.

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