Mudou da água para o vinho a relação entre Mário Hildebrandt (Podemos) e Carlos Moisés (Republicanos).
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Até pouco tempo atrás, o prefeito de Blumenau não escondia o descontentamento com o governador do Estado. Duas pendências o incomodavam particularmente. A primeira: a lentidão na retomada do prolongamento da Via Expressa, obra que Hildebrandt chegou a tratar como “pífia” diante da necessidade da região. A segunda: o Centro de Convenções, cuja burocracia para a liberação de recursos levou o município a cogitar um plano B para tirar a estrutura do papel. O secretário de Estado de Infraestrutura, Thiago Vieira, jogou lenha na fogueira ao sugerir, em um evento na Associação Empresarial de Blumenau (Acib) em julho passado, que era o poder público local o responsável pelo atraso.
Alguns meses e articulações depois e com o calendário eleitoral batendo à porta, o cenário é outro. As alfinetadas públicas deram lugar a elogios e gestos de afago. Na quinta-feira (17), Hildebrandt e Moisés dividiram palanque em Blumenau em uma cerimônia marcada por anúncios de obras rodoviárias – revitalização da Rua Pedro Zimmermann, na Itoupava Central, e a implantação de um viaduto sobre a Rua Guilherme Scharf, no bairro Fortaleza, entre elas – e o sinal verde para que a obra do Centro de Convenções seja licitada. É um pacote de investimentos de cerca de R$ 120 milhões bancados pelo Estado.
O protocolo chegou a abrir espaço para uma fala da deputada Paulinha (sem partido), uma das mais fiéis defensoras de Moisés na Assembleia Legislativa, que não poupou elogios ao aliado. O titular da Casa D’Agronômica parecia ser aquele convidado que o anfitrião se esforça em deixar à vontade. Em seu discurso, Hildebrandt ressaltou que a presença de Moisés era motivo de alegria. O governador retribuiu o carinho e em determinado momento disse que Taió exporta talentos, numa referência à cidade natal do prefeito. E suspirou aliviado, saindo-se com um “demorou, mas saiu”, ao se referir ao convênio para o Centro de Convenções.
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A bandeira branca hasteada não se limita a uma mera aproximação ideológica, que pode até existir. Há uma generosa dose de pragmatismo político nestes movimentos. Primeiro porque a prefeitura não pode abrir mão da boa relação com um governo que se dispôs a injetar R$ 366 milhões – a cota que cabe a Blumenau no Plano 1000 – em obras de infraestrutura na cidade. Depois porque Republicanos e Podemos conversam para uma possível aliança na campanha de reeleição do governador.
Hildebrandt ainda não bateu o martelo sobre o apoio. Mas também não fecha portas. Ao ceder espaço para que o presidente da Câmara de Vereadores, Egídio Beckhauser, do mesmo Republicanos do governador, assuma o comando de Blumenau nas férias dele e da vice Maria Regina Soar (PSDB), envia um sinal. Mas também indica que o suporte está condicionado a contrapartidas futuras.
A possível adesão do prefeito ao projeto de Moisés turbinaria a campanha do governador no Vale, uma região que ao longo de praticamente todo o mandato queixou-se de ter sido deixada de lado no diálogo e sobretudo na composição do governo. Resta aguardar se o tabuleiro eleitoral transformará esse flerte em compromisso.
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