Oficializado nesta terça-feira (4), o convite do PL para que a vice-prefeita Maria Regina Soar (PSDB) forme dobradinha com o deputado Egídio Ferrari (PL) nas eleições municipais deste ano é o fato político mais relevante das últimas semanas em Blumenau. A parceria, se confirmada, daria origem a uma supercoligação que junta de tudo um pouco: o bolsonarismo, a força recente do 22 nas urnas, o controle da máquina pública local, o apoio do governo do Estado e um batalhão de partidos na retaguarda – PP, União e Republicanos já fecharam questão com os liberais.

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Essa possibilidade não era sequer ventilada pouco tempo atrás. Em entrevista concedida à coluna em março, Maria Regina admitiu que, até então, não havia sido procurada por Jorginho Mello (PL) para conversar. Naquela ocasião, Ferrari já era o nome escolhido a dedo pelo governador para disputar a prefeitura de Blumenau e o PL cogitava inclusive uma chapa pura. Dois meses, no entanto, são uma eternidade na política – ainda mais em ano eleitoral. De lá para cá, o cenário mudou.

O que fez o PL se render e estender a mão à vice é a boa avaliação da atual gestão, referendada em pesquisas internas. Ainda que o protagonista da chapa sempre tenha sido Hildebrandt, o discurso de uma administração a quatro mãos, tão reiterado pelo prefeito em entrevistas, cerimoniais e aparições públicas, acabou criando um “problema” para os liberais.

Uma fonte ouvida pela coluna com bom trânsito na prefeitura avalia que o governo “Mario-Maria” colou em alguns segmentos ao ponto de tornar a dissociação de ambos mais complicada. Em pesquisas espontâneas de voto, Maria Regina não desponta como favorita. Mas ela se torna mais competitiva quando o eleitor é questionado se votaria na atual vice-prefeita. É uma “ameaça” que o PL tenta neutralizar ao chamá-la para o barco.

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Mais do que isso, a chapa, que poderia soar improvável no início da pré-campanha, acomoda interesses diversos. Em uma primeira análise, um dos grandes vencedores da costura tende a ser Mário Hildebrandt (PL). Ao migrar para o partido de Jorginho, o atual prefeito buscou remendar uma relação que teve feridas expostas em 2022, quando preteriu o hoje governador no primeiro turno das eleições estaduais ao declarar apoio à reeleição de Carlos Moisés (Republicanos). Hildebrandt pensa também no próprio futuro político. Uma secretaria de Estado seria o alvo depois de deixar a prefeitura de Blumenau.

Em um segundo plano, Hildebrandt contemplaria a parceira de gestão tão elogiada por ele ao longo dos últimos quatro anos – talvez não com o protagonismo que Maria Regina esperaria. Naquela mesma entrevista em março, a vice reconheceu que os dois nunca tiveram um acordo selado de que ela seria o nome da sucessão. Interlocutores do prefeito sempre condicionaram a candidatura à tal da conjuntura política, que agora está posta.

A palavra final é de Maria Regina, que vai consultar as bases e ainda não estipula prazo para dar a resposta. A vice está entre a cruz e a espada: pode tentar se consagrar navegando por conta própria, o que sempre é mais difícil, ou aceitar um prêmio de consolação entrando no bem estruturado navio do PL, onde tende a permanecer como coadjuvante – um papel que, dadas as circunstâncias, não deixa de ser visado.

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