Eles vêm brotando aos montes nos últimos tempos. O crescimento do setor supermercadista em Santa Catarina tem passado principalmente pelos atacarejos, modelo de negócio que combina redução de custos operacionais, para as empresas, e preços mais baixos ao consumidor – uma conta que, em princípio, é boa para todo mundo.
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Redes catarinenses como Fort Atacadista e Komprão, do Grupo Koch, despontam como algumas das líderes nesse segmento. Outras marcas tradicionais, como Angeloni e Cooper, começaram a apostar agora neste modelo. Brasil Atacadista, Preceiro e Celeiro são bandeiras que igualmente buscam abocanhar uma fatia deste bolo.
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A exemplo da economia catarinense, essa nicho é pulverizado regionalmente e deixa pouca margem de atuação para grupos de fora do Estado, avalia Alexandre Simioni, presidente da Associação Catarinense de Supermercados (Acats). O dirigente conversou com a coluna sobre o assunto às vésperas da abertura da Exposuper 2023.
Como o setor supermercadista tem enxergado o mercado neste momento?
Santa Catarina, dá para dizer, é diferente do restante do país. A nossa economia é bastante pujante e temos praticamente pleno emprego, uma taxa muito baixa (de desocupação). Isso se reflete no setor, que é dinâmico e competitivo. As redes regionais dominam o Estado. Os grandes players até estão presentes, mas timidamente. Então as regionais têm um papel fundamental na distribuição de renda e na disseminação do segmento. Você vê redes por todo o Estado crescendo, abrindo lojas e prestando o melhor serviço aos consumidores catarinenses.
Há uma expansão muito forte nos últimos meses do atacarejo. Por que esse formato está na moda?
Isso já vem dos últimos anos, os atacados cresceram muito. No Litoral, principalmente em Santa Catarina, o modelo de negócio está bem consolidado. É um formato que leva mais economia para o consumidor. É uma operação mais enxuta e simples, e isso é transferido para o preço do produto. A situação econômica, com o consumidor perdendo poder de compra nos últimos anos, faz com que se busque uma opção mais barata para se suprir as necessidades de compra. O atacarejo está crescendo, mas também está crescendo o varejo especializado, que se posiciona para atender o nicho de clientes de lojas de vizinhança. Acreditamos que o varejo, nos próximos anos, vai voltar a crescer também, até porque já se chegou num momento de saturação de atacado.
Existe algum risco de bolha?
Bolha não, porque o setor é muito ágil. Ele vai se alterando e se modificando, conforme o momento. O atacado raiz, quando começou, vendia só para CNPJ. Depois ele foi mudando, começou a vender só em grandes quantidades. Aí foi abrindo para o consumidor final. Hoje, 95% das vendas dos atacados são para o consumidor final, e não mais para o transformador, que é a pessoa jurídica. Alguns serviços, como açougue e padaria, vários atacados já têm. Ele foi se adaptando à necessidade do consumidor e esse é o grande desafio de toda a rede.
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Neste formato, o que muda para as redes na negociação com os fornecedores para se chegar a essa redução de custos?
Normalmente quem está no atacado já tem um poder de compra grande e consegue negociar melhor com as indústrias. Existem também algumas embalagens e produtos que a indústria só disponibiliza para o canal atacarejo. São embalagens maiores que na conversão de preço por quilo, por unidade ou litro, tornam-se mais econômicas para o consumidor. A indústria tem, sim, algumas negociações diferenciadas, mas isso vem diminuindo nos últimos tempos. A diferença já foi maior e hoje a indústria está equalizando. O que vai diferenciar mesmo é a eficiência de cada um na operação, com custos mais baixos. Isso é o que o atacado deve priorizar para se manter competitivo.
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