Oportunidades de negócios disponíveis a micro e pequenas empresas do Vale para além das fronteiras brasileiras foram tema de um encontro com empresários promovido na última semana em Blumenau pelo Sebrae-SC. Quem conduziu o debate foi o gerente de Internacionalização da entidade, Filipe Gallotti, que conversou com a coluna.
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Quais são essas oportunidades no mercado internacional?
Não é somente exportação. O que a gente está querendo nessas conversas com empresários é deixar claro que internacionalização não é mais apenas algo estratégico, é necessário para todos. Hoje os principais concorrentes dos nossos empresários são internacionais e estão no nosso mercado falando com o nosso cliente diretamente. Para quem quer aumentar faturamento e melhorar resultado, a internacionalização está dentro desse escopo. A gente fala de internacionalização como competitividade. É pegar uma melhoria de processo, uma adequação de produto, uma exigência que o mercado internacional vai pedir para o seu produto ou serviço. Quando você traz isso para dentro da sua empresa, está ganhando competitividade perante o seu concorrente, que talvez não esteja adequado a essas realidades.
Esse cenário de pandemia facilita ou dificulta novos negócios com o exterior?
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Tem os dois lados. Dificulta porque nós não conseguimos visitar os países, ir a uma missão ou feira de negócios. Mas ao mesmo tempo a pandemia trouxe uma nova realidade, que é a rodada de negócios virtual. Hoje, por exemplo, temos um trabalho no SebraeTech, voltado a consultoria em tecnologia e inovação. Em praticamente 50% das empresas que estão conosco no programa estamos aplicando uma consultoria básica, que é um site trilíngue, em português, inglês e espanhol. O empresário precisa ser visto, precisa que o interessado em comprar o seu produto ou serviço o ache nas plataformas de pesquisa. Em paralelo, vamos preparando esses empresários para a hora que surgir uma oportunidade, para que ele saiba dizer qual é o custo da mercadoria em moeda estrangeira, se ele tem todas as exigências para aquele país especificamente. Por isso o programa tem duração de um ano. A internacionalização não é um processo simples, é um processo de construção. A gente fala sobre vários temas, desde o básico, do porquê se internacionalizar, entrando no mérito de marcas e patentes, logística internacional, normas técnicas, direito internacional.
Para um negócio de pequeno porte, qual tem sido a principal barreira na hora de fazer negócios com outros países?
O que a gente mais identifica aqui é planejamento. Por isso eu reforço a história de ser um projeto de um ano. Não adianta eu dizer para o empresário vir comigo que amanhã vai estar exportando. Essa é uma promessa que não podemos e nem vamos fazer.
Em Blumenau, alguns dos setores mais relevantes são o têxtil, o cervejeiro e o de tecnologia. Que mercados demandam mais produtos desses segmentos?
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Uma das etapas do programa é a inteligência de mercado. Fazemos análise e pesquisa do mercado que tem mais sinergia com o produto. Temos um caso, para exemplificar, de uma empresa de alimentos que, quando nos procurou, o foco e o objetivo eram o mercado americano. Ela já tinha colocado energia, direcionado ações estratégicas e comerciais para o mercado americano. Mas as negociações se iniciavam e não se concretizavam. Identificamos em uma pesquisa os principais países compradores do produto dessa empresa. E por consequência aplicamos uma consultoria de precificação para chegar no custo em moeda estrangeira. Com isso, identificamos que os Estados Unidos obviamente eram um mercado consumidor, mas o Norte da Europa estava se demonstrando nos últimos cinco anos o principal comprador daquele produto. Em resumo, em dois meses de direcionamento de energias para o mercado europeu essa empresa fez a primeira venda internacional.
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