No melhor espírito “juntos somos mais fortes”, a Marisol, uma das maiores empresas têxteis de Santa Catarina, vai transformar o próprio parque fabril, em Jaraguá do Sul, em um condomínio industrial. Com isso, abrirá espaço para a instalação de outras companhias do ramo, inclusive concorrentes diretas, formando uma espécie de polo têxtil localizado.

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O modelo é comum na cadeia automobilística, mas é inédito no setor têxtil no Brasil, garante Giuliano Donini, CEO da Marisol. Ele também preside a Câmara de Desenvolvimento da Indústria Têxtil, Confecção, Couro e Calçados da Federação da Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc).

Na prática o condomínio, que vai se chamar Sistex, funcionará como um grande ecossistema têxtil, reunindo fornecedores de insumos e empresas produtoras. Ao menos uma malharia já está confirmada e deve começar a operar no local em dezembro. Há também negociações em andamento com outras companhias, inclusive de outros estados.

Um dos objetivos é fomentar uma cultura de coopetição – uma mistura entre colaboração e competição. Com isso, todas as empresas envolvidas saem ganhando, avalia Donini. A Marisol, em particular, também aproveitará para ocupar áreas eventualmente ociosas do parque fabril, que tem 70 mil metros quadrados de área construída, com potencial para chegar a mais de 100 mil metros quadrados.

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— A competição está dada, é do ambiente de negócios, do capitalismo. O que não é clássico é a cooperação — justificou Donini à coluna.

Não haverá, acrescenta o executivo, a obrigatoriedade de as empresas instaladas no condomínio fazerem negócios entre si, mas a proximidade e a divisão de despesas fixas a partir de uma infraestrutura de uso comum deve tornar este um caminho mais natural.

A lista de vantagens nessa estratégia ainda inclui otimização de custos logísticos e conexões diretas que ajudariam a estimular a troca de experiências, produtos e serviços, o que pode resultar em ganhos de competitividade para as empresas envolvidas. Há também um apelo sustentável na proposta, que permite o reaproveitamento de materiais da cadeia produtiva.

— Estamos abrindo o espaço físico e o ambiente para que as coisas que interessam, a gente possa fazer junto — analisa Donini.

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Segundo o executivo, a Marisol vai constituir uma empresa específica para administrar o condomínio Sistex – que terá esse nome por representar um local para sistemistas da cadeia têxtil. A capacidade produtiva seria suficiente para até 1,2 mil toneladas ao mês. À coluna, o empresário revelou que já há planos mapeados para ampliar a área física do atual parque fabril. O tamanho do investimento ainda está sendo definido.

Espírito colaborativo

As únicas “exigências” para o ingresso no condomínio serão a empresa ser do setor e ter espírito colaborativo, diz Donini. O empresário é um entusiasta deste conceito desde os tempos de Santa Catarina Moda e Cultura, um movimento criado em 2005 para fortalecer a conexão entre empresas, varejo e academia, com foco em colaboração para geração de valor da indústria da moda do Estado.

— A gente já há alguns anos tem uma direção dos nossos próprios negócios, acreditando em um comportamento de sociedade e ambiente de negócios onde as coisas vão funcionar de forma mais colaborativa, em plataforma — defende Donini.

Segundo dados compilados pelo Observatório Fiesc, o segmento têxtil e de confecções tem 9,1 mil empresas no Estado e gera 171 mil empregos, representando 21% da indústria catarinense. Os dados são da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) de 2019. Para Donini, projetos como o do condomínio fortalecem essa vocação do setor, criando uma cultura industrial que até poderia ajudar a impedir a migração de atividades para outras regiões do país.

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