A paralisação-relâmpago dos ônibus em Blumenau na manhã desta terça-feira (19), a segunda em menos de duas semanas, é uma prévia de uma queda de braço que está por vir mais cedo ou mais tarde. Desta vez, trabalhadores protestaram contra uma eventual eliminação da função de cobrador, alternativa que vem sendo discutida internamente entre prefeitura e Blumob.
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Embora por muito tempo restrita aos bastidores, o assunto começou a ganhar os holofotes públicos a partir de recentes movimentações da prefeitura. A veículos de imprensa, o secretário de Trânsito e Transportes, Alexandro Fernandes, tem falado abertamente da intenção de o município patrocinar um projeto de lei que visa retirar os cobradores de algumas linhas menores.
Como a coluna já destacou, há de fato conversas neste sentido – que não são de hoje. Blumenau, porém, tem legislação que obriga a presença desse tipo de profissional dentro dos ônibus. Seria necessário, portanto, revogá-la. A pauta, por outro lado, é cara à categoria e tem viés “explosivo”, com potencial para desencadear novas manifestações que possam atrapalhar o ir e vir de quem precisa dos ônibus para se deslocar.
O que se desenha à frente é uma provável guerra de narrativas. A prefeitura avalia que o sistema já opera bem com a bilhetagem eletrônica. Com isso, seria possível abrir mão do cobrador na maior parte das linhas, eliminando um dos maiores custos da tarifa e baixando o preço da passagem.
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O Sindetranscol, sindicato da categoria, alega, entretanto, que os cobradores têm outras funções, entre elas o auxílio no fluxo de embarque e desembarque de passageiros e o combate a casos de violência e assédio dentro dos ônibus. A entidade sustenta ainda que, em outras cidades em que o cargo foi extinto, o preço da tarifa não necessariamente reduziu.
O debate é complexo. Envolve questões jurídicas, trabalhistas – os cobradores têm proteção garantida pela atual convenção coletiva da categoria – e sociais, já que há centenas de empregos e famílias em jogo. Por outro lado, está em jogo também a sustentabilidade do transporte coletivo e o futuro da mobilidade de uma cidade cada vez mais estrangulada pelo trânsito e que em muitos casos, pela sua geografia, não tem para onde correr.
Blumenau precisa se preparar para uma discussão que, se avançar, terá consequências. Elas podem ser dolorosas, mas serão inevitáveis.
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