A suspensão por tempo indeterminado do pagamento em dinheiro da tarifa do transporte coletivo dentro dos ônibus de Blumenau — isso ainda será possível na entrada dos terminais —, uma das condições estabelecidas pela prefeitura e pela Blumob para o retorno do serviço a partir do dia 15 de junho, vai funcionar como um teste de adesão à bilhetagem 100% eletrônica. Na prática, é uma avaliação que só será possibilitada por uma situação atípica, provocada pela pandemia de Covid-19, já que cédulas e moedas que circulam de mão em mão podem carregar o novo coronavírus.

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Há tempos se fala na eliminação do pagamento em espécie nas catracas dos ônibus de Blumenau. É um debate que acontece mais nos bastidores e que nunca foi de fato colocado em discussão na esfera pública por provocar algumas polêmicas. Universalizar a bilhetagem eletrônica abriria margem para a extinção dos cobradores, com provável redução de custo da operação que poderia impactar em uma tarifa mais barata.

Essa possibilidade, no entanto, encontra resistência no Sindetranscol, o sindicato que representa a categoria. Os trabalhadores defendem que esses profissionais também são importantes para controlar o fluxo de passageiros nos desembarques e fiscalizar as isenções. Há ainda lei municipal de 2003 que obriga a concessionária do transporte coletivo a manter dois funcionários (motorista e cobrador) dentro de cada ônibus. Ela teria de ser revogada, mas não sem antes provocar desgastes políticos.

Hoje 23% dos usuários do transporte coletivo de Blumenau ainda pagam a tarifa em dinheiro, segundo a Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (Seterb). É um contingente significativo, que será forçado a mudar de hábito para continuar usufruindo o serviço, pelo menos nas próximas semanas — considerando, claro, que o fluxo de pessoas será bem menor nesse retorno. Depois de feito, o cartão da Blumob tende a ser um caminho sem volta para o passageiro.

Além da maior segurança, controle e agilidade, a bilhetagem eletrônica ajuda a ampliar a base dados do sistema. Com o uso frequente do cartão, é possível mapear com mais precisão os hábitos dos passageiros. Isso gera um volume maior de informação para avaliar a demanda e identificar oportunidades de melhorias. É a tendência de um futuro antecipado pela pandemia.

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